O JARRO E SEU SEGREDO

O JARRO E SEU SEGREDO

Ele estava lá, sempre no mesmo lugar, embelezando àquele recanto modesto onde imperava o respeito, harmonia, amor e dedicação a todos que lá habitavam.

Era admirado por todos, mas somente a dona da casa, tinha acesso a ele, cuidando diariamente, com o devido desvelo, para que não sofresse nenhum dano, pois era considerado um relicário com todas as lembranças, com tudo que ela havia preservado.

Praticamente era considerado por todos uma relíquia que devia conter muitos segredos, muitas lembranças e isto sempre foi motivo de curiosidade.

Ele não continha flores, parecia mesmo vazio.

O tempo foi passando, os filhos crescendo e os netos chegando.

Dia após dia a curiosidade aumentava e ia se tornando cada vez mais difícil segurar o segredo.

Numa bela tarde de primavera um mal súbito deixou à senhora dona do Jarro, impossibilitada de se locomover.

Isto muito a afligia impossibilitando-a de olhar diariamente para aquele lindo jarro, que continha tantos segredos.

Os dias foram sucedendo e a doença progredindo e a angústia aumentando.

Pressentia que estava se aproximando a hora de partir, quando estaria junto no céu com o companheiro leal de algumas décadas: seu finado marido.

Teria de deixar o Jarro com seus segredos.

E foi num lampejo de clarividência que solicitou aos netos, filhos e genros que se aproximassem na beirada cama e ouvissem atentamente, o que ela iria revelar.

A expectativa foi geral.

Pediu que trouxessem o Jarro e o depositassem em seu colo.

Com as mãos trêmulas e com lágrimas nos olhos revelou o grande segredo.

= Meus queridos, num fundo falso deste Jarro vocês irão encontrar cartas e bilhetes seus e do seu avô, que foram para mim o maior tesouro que entrego a vocês.

Ao lerem tudo que havia sido escrito, ficaram todos tão comovidos que abraçando a vovó, sentiram como tinham sido amados e cautelosamente, segurando aquele Jarro dos segredos, colocaram-no mesmo lugar, onde por décadas ele ali permaneceu...

Hanid
Enviado por Hanid em 08/09/2014
Código do texto: T4954642
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