Primeiro passo
E então ela cresceu. Não é mais uma garotinha – não por fora, pelo menos... Por dentro ela sente aquela mesma insegurança que sentiu (será que há tanto tempo assim?) ao dar seus primeiros passos.
Tudo por causa dele, que cresceu junto com ela. Mas agora ela não consegue olhar para ele sem sentir aquele frio na barriga. É, aquele, que ela tanto desdenhou antes... Quem dera ela estivesse aprendendo a andar agora. Algumas quedas doeriam, mas não seriam nada comparadas à dor que seu próximo passo lhe trará.
Ela avança e pega na mão dele, mas não do mesmo jeito que antes – nada mais é do mesmo jeito. Ela fica cega pelo que chamamos de primeiro amor. Fica cega, sorri, fica surda.
Alguns anos depois encontro a menina de novo – nem sei se ainda devo chamar de menina – e pergunto o que aconteceu de tão especial depois. Depois daquele encontro inesquecível, daquele toque de mão tão ... mágico.
Ela então dá um sorriso, daquele sorriso enigmático que só uma mulher experiente sabe dar, e diz: “Me trouxe muita alegria, mas também muitas lágrimas, mais do que eu posso me lembrar.”
Então eu pergunto se valeu a pena, se voltando no tempo ela faria tudo diferente; e ela responde, para minha surpresa: “Não, eu não faria nada diferente. Que sentido teria minha vida, se eu não tivesse a coragem de dar o primeiro passo, e descobrir aonde ele vai me levar?”