PENSAR NAS CONSEQUÊNCIAS
Prof. Antônio de Oliveira
antonioliveira2011@live.com
Em alguns países, homens públicos e grandes empresários corruptos chegam a suicidar-se tão logo se evidenciam suas fraudes. A notícia corre mundo e, de certa forma, choca. Com efeito, o suicídio, em si, é lamentável, embora ninguém tenha o direito, em sã consciência, de julgar o suicida. No caso, o suicídio é uma consequência direta de atitudes igualmente lamentáveis. Contudo, em geral não pensamos nas consequências indiretas dos atos de corrupção, isto é, no fato de, pelo desvio de verbas, tantas pessoas ficarem prejudicadas. Isto quando não morrem à míngua.
Uma pergunta, cuja resposta fica por conta de cada uma, de cada um: O que é pior, um suicídio ou um genocídio? E isto sem falar também no elevadíssimo custo, por exemplo, de um deputado, no Brasil, sobretudo se comparado a um país desenvolvido como a Suécia. Ou será que o nosso subdesenvolvimento ou, se preferirem, desigualdades sociais não decorrem justamente desses altos custos e, de pinga, dos atos de corrupção?
Faz tempo, um levantamento significativo e contundente, e que ainda me parece atual como referência, pois calculado em dólares, concluiu que cada US$1 milhão desviado do Orçamento da União daria para comprar 750 mil livros didáticos ou, ainda, para manter 45 mil crianças no ensino fundamental, durante um ano. Uma vez utilizado na área da saúde, esse montante daria para comprar vacinas e imunizar 500 mil crianças, reidratar outras 13,3 mil ou atender, durante um ano, a dois mil meninos de rua, em programas sociais. Apesar de, talvez, esses números não poderem ser checados, sua constatação na prática, diante de tantos problemas sociais, impressiona, e muito. Mas quase ninguém se toca, e nem isso sensibiliza nossas autoridades.
Não há ninguém inteiramente íntegro e honesto. De perto, ninguém é normal, garante Caetano. Todo mundo, na prática, tem seu telhado de vidro. É só procurar que acha. Não vale botar toda a culpa no sistema.