PALAVRAS ESCONDIDAS

As palavras brincam de se esconder de mim. Algumas se refugiam no meu coração risonhas e tímidas, outras visitam minha alma, enquanto muitas se aglomeram silenciosas em meu espírito; o mutismo delas dói, angustia. Quando as procuro, desaparecem; quando as vejo, somem; quando as pego, escorregam por entre meus dedos. Então, sem meios de alcançá-las, apenas deito meu pensamento sobre você em cândido silêncio. O silêncio deseja falar-me, mas seu murmúrio não passa de mero nihilismo sem eco. Ele tenta gritar e abre a boca, mas apenas o vazio flui e a dor de seu grito seco abala minha alma. O silêncio fere qual punhal, machuca ainda mais quando está na companhia da irmã solidão. Ambos são um soco do boca do estômago. Porque tudo é saudade, distância, indiferença, desprezo num coração onde antes havia tanto amor. Se tudo um dia passa, a dor da saudade também vai passar como as águas dos rios correm para o mar.

O amor é a esfinge que não deseja ser decifrada, porque se o for, atira-se no abismo e morre e magnitude é a expressão maior do amor verdadeiro. Pois seguramente nesse oceano de sentimentos desencontrados, somos como formigas humanas nos movimentos cotidianos da existência, uns vindo outros indo, uns chegando outros saindo, alguns chorando e outros sorrindo. De um lado o amor, do outro a paixão epaixão é onda gigantesca alvoroçando o oceano, todavia em pouco arrefece e desaparece; amor é o marulhar suave e permanente das ondas indo e vindo sem alarde, mas com um ardor perene. Quem ama de verdade não deseja liberdade, mas o fruto cotidiano do amor. A liberdade é para quem não ama, embora seja um falso sentimento estéril que normalmente culmina em melancolia.

Na solidão são os pensamentos que nos abraçam e o silêncio, a única voz que sussurra. Porém esse vazio de som grita de forma alarmante, bem além de nossa compreensão, por isso não é fácil compreender que o amor é a mais linda e desejada das armadilhas, laço no qual todos desejam cair, tamanho é seu fascinante êxtase. É justamente em razão desse laço que vivemos, pelo qual e para o qual existimos. A vida tem seus caminhos pedregosos, mas também conduz a estradas iluminadas, radiantes, lindas, maravilhosas. Apesar de todos os pesares. Apesar das lágrimas. Apesar da tristeza. Apesar da cor cinzenta no outro lado da moeda da vida. Conquanto tudo isso, apeguemo-nos aos melhores sonhos, às mais firmes esperanças, aos inesquecíveis momentos de felicidade capazes de superar, de forma inacreditável, esse lado sombrio da moeda.

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 08/09/2014
Código do texto: T4953949
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