Namastê

- Dona Zuleica? Me tira aqui uma dúvida.
- Diga, Helena.
- Subi no elevador com aquela moça bonitona, meio hippie que mora no quarto andar.
- A Débora?
- Não sei o nome dela. É uma que só anda com umas saionas arrastando no chão, sandalinhas baixas, camisões bordados.
- É ela mesma. Ela é toda zen. Faz ioga, meditação, massagem ayurvédica, pratica tai-chi-chuan… Ah! E é vegana.
- Vixe! Cheguei com uma dúvida e agora tô com mais um monte que nem sei pronunciar.
- Calma, Helena. Vamos lá. Qual era a sua dúvida inicial?
- Quando ela desceu no andar dela, juntou as mãos, abaixou a cabeça e falou “nem mais ter”. Fiquei sem entender. Nem mais ter o quê?
- Não, Helena. O que ela fez foi cumprimentar você em sânscrito: namastê.
- Uai! Por que, se ela fala português?
- É comum os praticantes de ioga cumprimentarem assim.
- Ah, tá!
- Não quer saber o que quer dizer?
- Não é tipo só um tchau?
- Não. Quer dizer “o deus que habita em mim saúda o deus que habita em ti”.
- Danou-se. Deus não é um só?
- É, Helena. Pelo menos, na fé cristã, é. Mas existem outras religiões no mundo. Além disso, na Bíblia está escrito que Deus está em nós, em cada um de nós . Poderíamos supor que o deus que habita cada um é a alma que nos preenche e nos une ao criador.
- Ah!
- Entendeu?
- Entendi.
- E as outras dúvidas?
- Vixe, dona Zuleica! Melhor namastê.
- Hein?
- Melhor nem mais tê dúvida. Se pra explicar só o “tchau, fofa” da dona já foi essa dificuldade toda, imagina o resto!


 

Este texto faz parte do Exercício Criativo - Namastê
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