NAMASTÊ (EC)
Somos um povo com gosto por estrangeirismos, muito favorecido na era da globalização.
Lembrei-me da piadinha, em que o médico sugere ao paciente:
-Se você concordar, poderemos utilizar anestesia local para o procedimento cirúrgico.
Desconfiado, o paciente resiste:
-Não, Doutor. Quero a melhor, importada!
Importamos tudo. Antes os anestésicos, agora os médicos. Expressões orientais dão nome às lojinhas onde adquirimos talismãs, incensos, pedrarias, credos, deuses. As novelas se encarregaram de tirar o último véu de ignorância daqueles que não tinham acesso ao consumismo cultural.
Assim foi muito antes do “Made in Taiwan”, quando incorporamos expressões como Namastê, utilizada verbalmente como cumprimento respeitoso ou silenciosamente sendo realizada por meio de uma reverência, onde um sujeito une as mãos em sinal de prece e se curva perante o outro.
Levamos adiante o hábito de povo colonizado, talvez com isso perdendo aos poucos a própria identidade. Seja como for, nossa psique ávida por padrões externos pode aprender a fazer mesuras até ao chão, queimar incensos, colorir a aura de boas intenções. Agora, brasilidade a toda prova seria oferecer a todos os povos respeito. A começar por nós, pelo que é nosso. Coisas simples como os mandamentos, que não exigiam muito do pensamento, apenas o ato e o efeito de respeitar. Exercitar brasilidade não só nas urnas, que político não se importa. Nós importamos. Namastê!
Este texto faz parte do Exercício Criativo (EC) “Namastê”.
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