ELEMENTOS VISUAIS PARA UMA CRÔNICA URBANA

Eu sou um tipo estranho, explico um dos motivos... É que eu gosto muito de animais e encasquetei que eles poderiam falar se quisessem! Não é loucura, mas beira a birutice. Então, quando percebo uma história no olhar de um cão fico eletrizado, comovido muitas vezes. Fico sabendo que é pesado alçar voo ao meio dia quando ainda não encontrei água fresca. Fico sabendo que outro cão, maior, mais faminto, mais cão, roubou o osso que tinha escondido. Fico sabendo que o pasto verde é o quintal do vizinho. Fico sabendo que o vazio que vai dentro do homem é do tamanho do silêncio. Todas essas coisas não ditas e passam por mim pedindo voz e, embora todas as histórias já tenham sido contadas, me emociono mais uma vez... Talvez que eu fique sabendo demais, talvez eu precise consultar um oftalmologista, talvez não devesse abrir os olhos já que todas as histórias estão dentro de mim.

Baltazar Gonçalves
Enviado por Baltazar Gonçalves em 06/09/2014
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