Comunicado Aos Incomodados
Brasil. Um país de todos, que todo e qualquer tipo de gente aceita todas as diversidades físicas, culturais e sexuais do outro.
Quem vê superficialmente pensa que o chamado país do futuro é assim, como eu o descrevi acima. Temos o Carnaval, as festas no Reveillón, as Paradas Gay... mas esse lugar aparentemente perfeito, socialmente falando, às vezes me dá nojo. E não estou sendo radical, a palavra certa é nojo mesmo.
Talvez eu esteja julgando com uma certa severidade a real personalidade do brasileiro. Essa coisa de rejeitar qualquer coisa diferente do padrão é coisa do ser humano, é mecanismo de defesa, é herança do mundo animal. Mas, como a forma de usar o Facebook, por exemplo, o brasileiro tem lá seu jeitinho especial de desrespeitar esse tipo de "aberração". E eu sei muito bem como se sofre com esse desrespeito.
Se sentir diferente deveria ser uma espécie de dom, de reconhecimento positivo em meio a tantas pessoas que pensam igual, que fazem o que todo mundo faz. Mas não tenho nariz em pé por conta dessa diferença pq não sou eu que me auto intitulo assim. São as pessoas que convivem comigo que me vêem diferentes das outras pessoas. Tanto pelo lado bom, quanto pelo lado ruim. O problema é que, as pessoas que me acham diferente de uma forma pejorativa, saem julgando, dizendo coisas a meu respeito que não tem nada a ver com o que eu sou. Falam sem conhecer realmente o ser humano Ramon Odriguez, espalhando fofocas falsas sobre mim. E eu tenho horror a esse tipo de gente
Por outro lado eu dou uma certa razão pra essas pessoas. Afinal de contas ninguém vai entender como que um cara que ouve Madonna desde criança vai se tornar um ser humano que se considera heterossexual e nunca deu em cima de suas inúmeras amigas que conquistou ao longo dos seus dezoito anos de vida! Como que um cara que é Tiete da Ivete namora uma mulher há três anos! Como que um cara consegue namorar há três anos sendo fã de Ivete Sangalo há sete anos! Como que um cara namora uma mulher há três anos e não posta no Facebook que no fim de semana beijou na boca o dia inteiro! É quase surreal existir alguém assim, mas esse sou eu, fazer o que?
O que eu abomino é esse tipo de gente que não consegue se desapegar de certos padrões que a sociedade impôs nos últimos 100 anos e na frente de todos são hopócritas a ponto de dizer que aceitam toda e qualque tipo de diversidade entre os seres humanos. Sejamos mais sinceros e menos falsos, isso faz até o mundo ficar melhor, sabia? A visão de mundo fica melhor.
Com tantas diferenças que eu vejo entre mim e a sociedade eu me sinto até intimado pedir desculpas:
-Me desculpem, garotos, por não ouvir as bandas de rock que vocês ouvem. Eu até as ouço, mas não com tanta frequência, pois em sua maioria, elas gritam demais e isso pra mim, em excesso, é desnecessário na música. Gosto de música que toca no rádio, que todo mundo conhece, que eu consigo entender. Não posso fazer nada se as músicas que tocam no rádio são em sua maioria das boy bands, das divas, ou, como vocês mesmos dizem, "as músicas de viado".
-Me desculpem, minhas amigas que eu amo tanto, por não ter confundido a amizade da gente com mais uma peguete que eu iria ter. Desculpem por conseguir separar a atração física, ou até mesmo o amor, da amizade.
-Me desculpe, pessoas do meu Facebook, por não fazer do meu perfil uma vitrine da minha vida pessoal, para que todos possam escolher a melhor postagem, aumentá-la no estilo Nelson Rubens e espalhar a notícia.
Me desculpem por não ser o que todo mundo é, mas vou continuar sendo o que sou. Gosto de ser assim e não gostaria de fingir nada pra ninguém. E como diz o bom e velho ditado popular, os incomodados que se mudem. E viva o respeito à diferença! Sejam quem vocês são realmente, não escondam nada de ninguém, e se amem, pois as pessoas que não se amam acabam tendo inveja dos que se amam, se respeitam e vivem em paz.