Armaduras de Diamante
As estações giraram em um ritual lento e doloroso, as folhas partiram cumprindo seus destinos, incontáveis noites longas e frias circularam nesse espaço minúsculo marcado por seus passos. Contemplo a vaga imagem turva de um rosto inexpressivo que visita minhas pálpebras fechadas, presença que canta em silencio, tão distante e tão perto, como um perfume invasivo, forte e sufocante.
Incontrolável como vento, rouba o ar dos meus pulmões, enche meu interior de vazio insubstituível, traz o desejo de querer teus joelhos em meu solo, implorando redenção, contradizendo a necessidade de sua ausência, que grita aqui dentro, sem méritos, apenas existente. Por trás do meu olhar alheio, por trás das minhas fugas e armaduras de diamante ali estão seus rastros.
As canções criam formas, esmagando meu coração gélido. São visões e recordações de quadros melancólicos, como uma ficção de uma estória clichê e sem fim. Seu amor era o mundo em meus ombros, oscilando entre inferno e céu, todos os seres conspiravam contra nós. Buscando a sanidade roubada, desacorrentei nossos pés e a marca desse laço ainda está preso em mim.