CONVERSA PARALELA
Duas senhoras, muito bem vestidas, entraram no consultório do cardiologista. Cada uma acompanhada de sua respectiva empregada. As moças, ambas negras, pareciam amigas de longa data. As senhoras também. As conversas eram totalmente diferentes. As senhoras pertenciam a um mundo, as moças a outro.
- E aí, Marinete, que horas tu saiu de Nova Iguaçu hoje?
- Menina, nem te conto. Acordei as 4 da matina pra pegar o trem e chegar cedo, como dona Ester me pediu. Não é que o trem resolveu atrasar mais do que de costume e quase que eu não chego a tempo de vim com ela pro médico, menina!
Senhoras - E aí amiga, quando você chegou de Nova York?
- Cheguei ontem, mas já estou de partida.
- Você comprou muita coisa lá?
- Eu praticamente me visto em Nova York. É tudo mais barato do que aqui no Brasil. E você?
- Eu vou de férias para a Alemanha. Não passo um ano sem esquiar.
- Vai com seu marido ou vai só?
- Ele não poderá ir porque estará num congresso de medicina. Só vai me encontrar no final da viagem.
- Mas ele não é engenheiro?
- Não te contei não? Casei de novo, agora com um cirurgião plástico.
- Bem que eu achei que você está parecendo mais nova.
- Pois é, amiga, fiz uma ótima troca. Agora faço minhas plásticas de graça.
Moças
- E o teu irmão, Marinete? Tem aparecido?
- Menina, nem te conto. Ele tá preso. Foi pego, no morro do Alemão, vendendo meias roubadas. Não sabe esses caminhões que são assaltados no caminho? Pois é. Ele resolveu comprar mercadoria desses caras e se ferrou.
- Ah, coitado! Eu sempre compro nesses camelôs que vendem baratinho. Ontem mesmo comprei 12 calcinhas por R$ 10,00.
- E pra quê tu qué tanta calcinha se só tem uma bunda?
- Pra variar, minha filha, não gosto de repetir com o meu namorado.
- E não é mais fácil mudar de namorado, garota?
- E tu, ainda tá namorando o Carlão?
- Ih, minha filha, aquele tá morto e enterrado. Eu lá quero homem duro e, ainda por cima, galinha? Nem morta.
O médico me chamou e não pude mais ouvir o papo das moças, que estava bem mais interessante.
- E aí, Marinete, que horas tu saiu de Nova Iguaçu hoje?
- Menina, nem te conto. Acordei as 4 da matina pra pegar o trem e chegar cedo, como dona Ester me pediu. Não é que o trem resolveu atrasar mais do que de costume e quase que eu não chego a tempo de vim com ela pro médico, menina!
Senhoras - E aí amiga, quando você chegou de Nova York?
- Cheguei ontem, mas já estou de partida.
- Você comprou muita coisa lá?
- Eu praticamente me visto em Nova York. É tudo mais barato do que aqui no Brasil. E você?
- Eu vou de férias para a Alemanha. Não passo um ano sem esquiar.
- Vai com seu marido ou vai só?
- Ele não poderá ir porque estará num congresso de medicina. Só vai me encontrar no final da viagem.
- Mas ele não é engenheiro?
- Não te contei não? Casei de novo, agora com um cirurgião plástico.
- Bem que eu achei que você está parecendo mais nova.
- Pois é, amiga, fiz uma ótima troca. Agora faço minhas plásticas de graça.
Moças
- E o teu irmão, Marinete? Tem aparecido?
- Menina, nem te conto. Ele tá preso. Foi pego, no morro do Alemão, vendendo meias roubadas. Não sabe esses caminhões que são assaltados no caminho? Pois é. Ele resolveu comprar mercadoria desses caras e se ferrou.
- Ah, coitado! Eu sempre compro nesses camelôs que vendem baratinho. Ontem mesmo comprei 12 calcinhas por R$ 10,00.
- E pra quê tu qué tanta calcinha se só tem uma bunda?
- Pra variar, minha filha, não gosto de repetir com o meu namorado.
- E não é mais fácil mudar de namorado, garota?
- E tu, ainda tá namorando o Carlão?
- Ih, minha filha, aquele tá morto e enterrado. Eu lá quero homem duro e, ainda por cima, galinha? Nem morta.
O médico me chamou e não pude mais ouvir o papo das moças, que estava bem mais interessante.