TRAGÉDIA ANUNCIADA - ALTA VELOCIDADE DOS EXPRESSOS !

Belém dos contra-pontos, das comédias e situações inusitadas – eis o auto retrato da nossa grande metrópole. E nesses meandros, quadros a reflexões:

Um amigo me falou das aventuras perigosas que os usuários se submetem no expresso coletivo nas subidas e descidas dos elevados do entroncamento.

Na minha curiosidade, parti, algumas vezes, em busca dessa fantasiosa viagem rumando para Icoaraci.

Não deu outra. Apanhei o expresso – e toma-te motora, acelerando-se no ardente asfalto em alta velocidade na Almirante Barroso nessa nova modalidade de esporte radical ...

E aí, suspirei profundamente nos aclives e declives, lembrando o friozinho da barriga nas aterrissagens e decolagens das aeronaves – e “ segura peão”, que a carroça aguenta - e só o faturamento é o que interessa e tem pressa aos nossos inteligentes empresários ... Uma festa.

Bem, tudo seria fantástico se não fosse uma tragédia anunciada !

Subidas e descidas em alta velocidade – e o pior - os alternantes cambaleios desse trajeto como se fossem aeronaves em áreas de turbulências. É nesse vale que mora o perigo, amparado por uma inexpressiva proteção de cimento armado ...

Pergunta-se: A SEMOB e os senhores gestores, por um acaso, chegaram a fazer alguma viagem inaugural, ou se trata, para eles, tão-somente de “ mares nunca dantes navegados “, como diria Camões ???...

Ah, sim, lembro-me, aqui com os meus silenciosos botões, de um ônibus de luxo do BRT que passou por essas bandas ... Isso foi fantástico - até uma emissora de TV foi convidada !!!

A verdade é que, se viver é uma arte, esses cavalheiros do quotidiano precisam ser grandes artistas -pois somente assim poderão escapar de uma tragédia anunciada ...

Convenhamos, portanto, da realidade dos fatos -, e acreditemos que somente o Altíssimo poderá preservar esses navegantes “ dos mares bravios de minha terra natal...”, como diria José de Alencar.

No mais, se o tempo é implacável e não perdoa ninguém, a quem recorrer ???

Eis a questão !

***

Obs. Essa crônica urbana foi publicada no Diário do Pará no dia 29/08/2014.

Enock Santos
Enviado por Enock Santos em 04/09/2014
Código do texto: T4949389
Classificação de conteúdo: seguro