FLANELINHAS – Erva Daninha das Cidades.
Por Carlos Sena
Por Carlos Sena
Danuza Leão detesta “flanelinhas”. Conta ela, num dos seus livros, que fica saltitante de felicidade quando vai tirar seu carro e o flanelinha chega atrasado. Ela, certamente fica vendo pelo retrovisor aquele intruso acenando com a mão como que querendo que ela volte para lhe “pagar”. Também tenho essa mesma sensação quando olho pro retrovisor e vejo aquele babaca querendo nos fazer de idiotas. Fato é que FLANELINHA surge do chão, como se fosse grama. É um pouco a “erva daninha” que invade as cidades grandes (e até pequenas) com um agravante: erva daninha a gente corta e joga ao fogo, mas eles não e nem desejamos. Os poderes públicos que tudo prometem fazer antes das eleições, sequer tem competência para acabar com eles via construção garagens a preços módicos, via vigilância diuturna, etc. Recife, do São Geraldo, continua um a peste; uma ilha de carros cercada de flanelinhas por todos os lados. Agora ainda mais. Quem duvidar vá ao Recife Antigo. A antiga queixa se multiplicou por dez. Vá a Olinda e lá os flanelinhas imitam os antigos contadores de histórias e, cheios de histórias histriônicas, nos cobram antecipadamente. Comigo foi assim: ele (o flanelinha) chegou cheio de gentilezas e mandou- me ir pra frente, pra traz, pros lados, até deixar mais vagas pra ele encaixar outro carro, como se carro fosse do tamanho de caixa de fósforos. Atendi. Fazer o quê? Quando fecho o carro ele me diz: cinco reais e é adiantado. Informei que eu não era turista e perguntei o porquê do pagamento adiantado. Ele, cinicamente me respondeu: eu preciso passar troco! Eu, então, retornei ao carro e fui “cantar noutra freguesia”. Procurei o “bispo” pra reclamar, mas lembrei de que o bispo não mora mais em Olinda, mas em Recife. Depois dessa odisseia, esqueci-me de falar do susto que os flanelinhas nos dão. Porque nem sempre eles têm cara de flanelinha, mesmo sabendo que não sei qual é a cara de um flanelinha! É que muitos deles não são mais, digamos assim, mal vestido. O que me abordou estava dentro da moda – camisa com decote “V”, corte de cabelo rastafári, tênis e brinco nas orelhas. Nesse caso, eu penso logo que pode ser um assaltante! Quem já não ouviu falar de histórias de assaltantes se passando por flanelinhas? É por essas e outras que eu e tantos estamos ficando mais em casa. Quando eu quiser me divertir o principal não vai ser mais o tipo de diversão (se teatro, cinema, show, etc.), mas se tem estacionamento pago por perto. Porque pagando, mesmo sendo caro, a gente não passa por esse tipo de situação. Quem sabe um dia, pelo menos no Recife, São Geraldo não resolve o problema dos flanelinhas que, feito praga, invadiram, definitivamente a cidade?
Os.: Não me venham dizer que no mundo todo é assim. Nem que isso é por conta do desemprego. O Brasil vive hoje um dos menores índices de desemprego de todos os tempos. Melhor entender que a malandragem é sem limites e que os poderes públicos não estão nem aí pra tudo isso...