Shakespeare uma ova
Conheço uma pessoa que vive a dizer frases - mesmo que o assunto não tenha nenhuma relação com a situação - e encerra citando o autor. “Tudo é relativo” - Albert Einstein.
Isso me levou aos tempos de escola e recordei que um professor de Português sugeria que nas redações citássemos frases de escritores famosos para valorizar a escrita. Na verdade ele queria que lêssemos grandes clássicos.
Como a cultura não chegava a tanto e a preguiça imperava, sempre aparecia um espertinho com citações que provocava discussões: “Eis a questão - ser ou não ser” - Machado de Assis. E o professor fingindo-se de desentendido disse não lembrar de tal frase e que o aluno levasse a ele o livro que tinha essa pérola.
- Na verdade, professor, essa frase não é do Machado - é minha. Disse o aluno com soberba.
Dias depois o professor levou um livro e mostrou a frase de sua maneira correta e alertou: - É Shakespeare!
E a moda pegou. Tudo e para todos era Shakespeare.
“Os homens de poucas palavras são os melhores”, escreveu alguém. Imagine de quem?
- Não acredito que essa frase seja dele, questionou uma aluna sempre nota 10.
- Não faz sentido para quem escreveu tanto...
- Mas escrever é uma coisa, falar é outra, respondeu o autor da redação.
- E de quem é essa frase? Não vá me dizer que é do Shakespeare também?
Em outra redação foi citado que “A alegria evita mil males e prolonga a vida”. A mesma aluna mais uma vez se mostrou indignada.
- Shakespeare novamente? Não é. Ele só escrevia sobre tragédia, professor!
Para a discussão não se prolongar o professor ficou de conferir a autoria. Mas nós nunca ficamos sabendo a verdade.
Semanas depois foi à vez dessa aluna, verdadeira CDF, ler sua redação e no final escreveu: “Quer saber quem sou? Sou composta de urgências...”.
E a sala toda gritou: - Chei ques pir.
Com cara de quem não gostou ela fechou seu caderno e quando se dirigia a sua carteira, um outro engraçadinho, para provocá-la, disse:
- Elementar, meu caro Watson!
E nem esse foi poupado.
- Chei ques pir.