VOTO, UMA ARMA
VOTO, UMA ARMA.
Se o voto é uma arma, então a gente tá cometendo suicídio.
É verdade. Se não se morre diretamente por causa dele, morre-se indiretamente. Um exemplo: o cidadão chega do trabalho tarde da noite por causa da hora extra pra ajudar no orçamento doméstico. Desce do carro, vai abrir o portão de casa e nessa ação lhe é anunciado o assalto; o bandido acompanhado por outro mantém o cidadão, exausto do trabalho, sob a mira de potentes armas de fogo. Pede a chave do carro e todo o dinheiro que tiver disponível. O cidadão tenta ser o mais cooperativo possível mas os bandidos consideram algum movimento em falso dele como uma ameaça e abrem fogo. O homem é atingido na cabeça e morre instantaneamente. Os bandidos fogem ilesos no carro da vítima e ficarão impunes por longo tempo e muitas outras vítimas ainda farão.
Quem dera histórias como essas fossem só ficção. Não há ficção também na afirmação de que a morte daquele cidadão deveria ser colocada na conta dos famigerados políticos de nossa nação. Houvesse uma distribuição de renda mais justa no país e o cidadão brasileiro não precisassem pagar tributos tão excessivamente abusivos, não haveria a necessidade do cidadão da nossa história fazer horas extras até mais tarde, trabalhar até a completa exaustão para poder pagar as contas; houvesse segurança pública de qualidade, que atendessem boa parte da população, os assaltos não seriam tão frequentes e o latrocínio não seria tão constante como se tem visto; houvesse uma lei penal que punisse com muito mais rigor os infratores que ameaçam o cidadão comum e não teríamos tantos marginais soltos nas ruas inibindo o direito de ir e vim do trabalhador honesto. O que o meu voto tem a ver com isso tudo? Tem tudo a ver.
Nós elegemos os responsáveis pela elaboração de leis que deveriam favorecer uma justa distribuição de renda, além de impostos coerentes com o ganho de cada cidadão, o que já seria suficiente para garantir segurança, saúde e educação; elegemos aqueles que tem como obrigação, garantir que sujeitos de alta periculosidade não fiquem circulando livremente pelas ruas ameaçando a todos em seu redor.
Todo indivíduo deveria, antes de entrar na cabine de votação e selecionar seus candidatos, pensar na situação alarmante dos hospitais públicos; do descalabro da violência perpetrada por ditos menores de idade; na inflação galopante; nos juros e impostos insuportáveis; no descaso da educação enfim, na falência desse país. Será que ainda terás ânimo para votar?
É hora da desobediência civil. Desobediência civil é direito do cidadão. Por que ninguém é obrigado a armar uma armadilha pra si mesmo. Não votar em nenhum candidato seria a mais legítima manifestação de desobediência civil. No dia da votação seria um dia de mobilização contra o descaso político e a corrupção. Não há nada que um candidato tema mais do que o fato de não ser eleito. É sua pior frustração. Principalmente aqueles que já dominam a cena política anos a fio. Porque, afinal de contas, somente uma coisa muda de verdade com o nosso voto, a vida do candidato eleito.