Batman em V Alqueires City

Depois dos ventos nesse domingo passarem tão rápido a 61 quilômetros por hora destelhando casas, levantando as tampas das caixas d'água, desvirtuando as copas das árvores e despindo-as sem pudores, ele virou-se contra mim, eriçou a minha pele e emaranhou os fios dos meus cabelos ao ponto de embaralharem-se diante dos meus olhos. Apenas senti aquela nuvem pesada e negra que despontava por trás do morro Cara de Cão. Pude observá-lo e senti um certo desconforto tamanha violência daqueles nimbos pesados com cicatrizes escuras envoltos em carneirinhos assustados pulando aquelas ondas pétreas. E mais adiante, exatamente da quina do meu corredor, o uivo revirava-se como quem atravessa um túnel isolado do mundo, um túnel tenebroso tentando escapar de algum monstro alienígena. Senti outro arrepio quando o uivo fez a dobra com o som de algumas palhetas em convulsões. Mais ou menos assim: paf, pafpafpaf... palhetas debatendo-se numa crise angustiante embaixo da minha cama. Fiquei inerte e o sangue já deixara de circular pelo meu corpo, senti o gelo percorrer-me, era o meu fim, - pensei. E o barulho acentuava-se na medida em que o uivo mais do que gritante envolvia o meu corredor hermeticamente fechado com apenas uma das pontas da varanda aberta para o lado sul daquela cena. Esfriei ainda mais quando uma ponta negra despontou-se aos pés da cama... cheguei mais perto e constatei aliviada. Era o Homem Morcego! Sim! Sim! O Batman de Gotham City, estava ali embaixo da minha cama debatendo-se freneticamente. Cheguei mais perto e o puxei delicadamente e senti a sua capa preta e linda. Era lustrosa e altamente fashion. Admirei aquela criaturinha assustada na palma da minha mão. Era ele, o Batman em miniatura que estava ali para proteger-me do perigo (?) e dos malfeitores de V Alqueires City, sim, era ele, sim!(senti-me a verdeira Batgirl) O seu coraçãozinho estava a mil por hora, mais assustado que o meu corredor enigmático entubando-se no uivo daquela ventania desenfreada. Olhei-o terna e o devolvi a natureza percebendo a calmaria que retornava naquele instante. Quis beijá-lo antes do adeus, mas preferia mesmo o Bruce Wayne, mas ele estava disfarçado naqueles trajes, então resolvi soltá-lo e desejar-lhe boa sorte na caçada aos outros malfeitores, Coringa, Pinguim, Charada entre outros. O morceguinho saiu voando pela janela do meu quarto e ainda pude reparar no seu slogan refletindo para mim (W). Ufa... Que alívio...!

Kathmandu
Enviado por Kathmandu em 02/09/2014
Reeditado em 02/09/2014
Código do texto: T4946458
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