LITERALMENTE INTRAMUROS
Prof. Antônio de Oliveira
antonioliveira2011@live.com
No Brasil, estamos vivendo literalmente intramuros, dado o medo de assaltos, sem dúvida com base no grande número de casos. A todo dia, a toda hora. Uma barbárie. O assunto, porém, apresenta também outra dimensão.
Na década de 1580, o interior da França estava mais ou menos como o Brasil de hoje: cheio de sequestradores, ladrões e assassinos. Tal situação levou as pessoas a se proteger, também como aqui, guardadas as proporções e os avanços da tecnologia de segurança: vigias, cercas, portões, trancas, ferrolhos, cães de guarda. No entanto, a propriedade rural do escritor Montaigne dispunha apenas de um discreto e modesto vigia. E de propósito. Quanto mais segurança maior o desafio para os ladrões. Em BH, na frente de um prédio alto, pichado está: “Quanto mais alto mais assalto”. Lugares trancados atraem o ladrão. Esse o pensamento de Sêneca adotado por Montaigne, cuja propriedade era menos visada pelos assaltantes. Além disso, dentro do próprio ambiente fortemente protegido pode estar justamente a pessoa, aparentemente de confiança, que dará as dicas para o seu grupo de comparsas.
Pode ser utopia. Mas todos os ângulos do problema devem ser considerados. A inflação galopante que já tivemos no Brasil, não faz tanto tempo assim, corroia salários e deixava os comerciantes na insegurança, com medo de prejuízo. Muitos deles, então, aumentavam os preços além do razoável. Se é que se pode falar em razoável em situações de risco. Pode-se dizer que havia três tipos de inflação: a real, a oficial e a psicológica. Vivemos hoje situação semelhante no campo da segurança pública: a real, a oficial e a psicológica. Com efeito, há uma espécie de síndrome coletiva do pânico. A mídia se encarrega de despejar horrores. Como em tempo de guerra civil. Como num campo de batalha. E o problema está se agravando, e não adianta botar panos quentes. É preciso agir inteligentemente. E, na prática, efetivamente. Oxalá!...