REFLEXÕES SOBRE O TEMPO

Nesses últimos meses, estou aproveitando para ler e estudar matérias que eu sempre tive curiosidade e interesse, mas que simplesmente não tinha tempo para me aprofundar, compreender ou mesmo chegar a uma conclusão... uma dessas questões está correlacionada ao próprio tempo que, por incrível que pareça, foi aquela que eu encontrei mais rapidamente uma explicação sensata para minha lógica cognitiva.

Filosoficamente, KANT e McTARGGART negam a realidade do tempo, sendo que para eles seria tão-somente a nossa percepção humana na recepção das informações captadas pelos nossos sentidos.

Em parte, eu concordo com esse sentimento inconsciente de que a vida passou, e nós não aproveitamos quanto poderíamos... nossa insatisfação.

Mas projetando os nossos sentidos para a realidade, ao nos defrontarmos no espelho, podemos perceber os efeitos da maturidade em nosso corpo físico. A degradação de uma estrutura, o desenvolvimento de uma criança ou mesmo de uma planta... tudo ocorre segundo a cronologia do tempo... então, eu não posso acreditar que o tempo não existe.

Adentrando no campo da física, torna-se uma singularidade a questão do tempo em relação as demais leis naturais... vivemos o presente, mas podemos voltar ao passado ou mesmo vislumbrar o futuro ?

A questão básica é que o passado é imutável, assim como o futuro é imprevisível.

A relatividade do tempo – como a história do astronauta que embarcou em uma nave na velocidade da luz, alguns fenômenos da natureza física ocorreriam, como por exemplo o aumento exponencial de sua massa e a dilatação do sentido natural do tempo real – não do psicológico. Em síntese, o que duraria segundos para esse astronauta, em nosso mundo teria uma duração muito maior.

Hoje em dia, os físicos teóricos acreditam ser possível criar atalhos – dobras espaciais cuja mecânica contraria os princípios básicos da nossa vã compreensão, sendo possível transcender distâncias absurdas através da utilização de propulsores especiais, e aparelhos capazes de criar artificialmente gravidades equivalentes a mini buracos negros.

É uma forma de viagem no tempo para o futuro, mas na verdade, está como se a a gente pudesse se deslocar em linha reta até nosso destino – por exemplo, ir até a casa de alguém que mora no imóvel atrás do nosso, na mesma quadra mas em rua diferente.

O próprio Stephen Hawking acredita que há uma regra natural que proíbe a viagem retroativa no tempo, tal como um princípio de proteção cronológica.

Na teologia tradicional, o tempo foi tratado primeiramente por Santo Agostinho, que entendia que antes de Deus não havia nada... então Deus criou o tempo. Já São Tomás de Aquino, compreendia que o tempo seria a medida das ações que se realizariam em nosso próprio tempo, pressupondo a preexistência de Deus e do próprio tempo.

Partindo da concepção de que a realidade projetada e captada por nossos sentidos existe, e amparado por estruturas basilares do conhecimento humano – filosofia, ciência e teologia, me questiono: o que é tempo ?

Existem teorias científicas que explicam a origem do universo como um processo inflacionário que, após atingir seu ápice, tende a regredir até o minúsculo instante em que toda massa do universo foi condensada em um pequeno ponto, através de forças nucleares e gravitacionais incompreensíveis. Alguns ainda acreditam na existência de espécies de multiuniversos que, ao se colidirem, criam um novo; e ainda há a teoria das cordas, em que além das três dimensões conhecidas e o próprio tempo, haveria mais seis que vibrariam em frequência dissonante... impossibilitando a nossa percepção.

Toda essa introdução serve apenas para reforçar uma questão lógica: podemos acreditar em Gênesis e contrariar evidências científicas – como exemplo, a teoria darwiniana da origem e evolução das espécies. Muitos dos dogmas enfrentados entre as ciências cognitivas não estão lastreadas na existência ou não de Deus, mas sim na concepção da qual cada um dos intérpretes faz Dele.

EINSTEIN, de sua forma e maneira, acreditava em Deus... da mesma forma que milhões desenvolvem sua fé e espiritualidade, ao ponto de quê, se assumissem honestamente suas convicções, deixariam de frequentar templos por não acreditarem nos ensinamentos...

O tempo, como relatado, é um elemento objetivo e real, mas também pode apontar nuances subjetivas, relacionadas ao nosso estado psicológico.

Como analogia, eu criei o cenário de uma escadaria em que, após subirmos um degrau, o anterior simplesmente desaparecia, impossibilitando o retorno – isso é o tempo cronológico, irrefutável.

Agora, o formato da escadaria, o tamanho dos lances e as dificuldades que enfrentamos até atingirmos o último degrau de nossa existência física... é uma questão íntima de cada pessoa, que envolvem crenças e dogmas de fé.

Eu acredito que Deus é o início e o fim... o alfa e o ômega... ainda creio que a nossa jornada carnal tem um final, mas que prosseguimos em outra dimensão espiritual... mas aí, o tempo é diferente de tudo o que falei até agora...

SEBASTIÃO SEIJI
Enviado por SEBASTIÃO SEIJI em 01/09/2014
Reeditado em 01/09/2014
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