DE 45 CIGARROS DIÁRIOS PARA NENHUM
Nos últimos dias de abril de 1978 cometi a asneira de começar a fumar, na época muitas pessoas fumavam, parecia algo trivial, comum. De início não tragava, talvez uma meia dúzia de cigarros Markten, este era o nome do bicho, 100 mm entre o fumo e o filtro.
Depois da meia dúzia, veio uma dúzia, nesta altura eu já tragava profundamente, por outro lado tudo corria bem, chegava a jogar uma partida de futebol todos os dias e duas no domingo, se preciso corria de Pântano Grande até Rio Pardo. Nesta altura os 20 cigarros diários fizeram-me buscar algumas alternativas para diminuir o consumo e assim andei por cachimbos e palheiros.
Aos 30 anos de idade e sete de cigarros retornei a Porto Alegre, meu trabalho era de 10 a 16 horas por dia, não só o meu, mas o de mais de 1.200 pessoas do 9 BPM. Greves, passeatas e muitos cigarros nos momentos de folga.
Nas terças-feiras pela manhã fazíamos ginástica e batíamos uma bolinha na quadra do Batalhão, embora eu caminhasse em média 10 km por dia a saúde física não andava bem, até que numa partida de futebol de salão durante as comemorações do aniversário do Batalhão eu exausto tropecei na bola e fui vaiado por mais de 200 torcedores do 1 BPM, a solução que encontrei foi abandonar o futebol.
Os quilogramas foram chegando proporcionalmente aos cigarros fumados e em 1999 eu atingira 45 cigarros diários, chegando algumas vezes a levantar a noite para fumar. Portador de um pigarro constante, não raras vezes acordava todos em casa com acessos de tosse.
No primeiro dia do mês de setembro de 1999 levei o meu pai no médico, pois ele apresentava sérios problemas de circulação nos pés, embora ele não fosse diabético, nem hipertenso corria sérios riscos de outras complicações, por isto o médico recomendou que ele parasse de fumar, pois isto estava contribuindo para o problema nos pés.
Resolvi levá-lo para a minha casa e decidi que nós dois iríamos parar de fumar, bem assim de supetão, mas claro que fumamos um último cigarro de despedida, eu com 44 anos havia fumado desde os 23 anos e papai com 70 anos fumava desde os 15 anos de idade. Almoçamos macarrão com frango, uma taça de vinho, sem sobremesa partimos para o cafezinho e um último cigarro. Pouco depois papai flagrou-me fumando mais um e gritou da janela, então como não era justo foi o último cigarro que fumei, pois na boca coloquei dezenas pelos dias que se sucederam.
Durante aproximadamente 15 dias enquanto pedia forças ao Deus de todos nós eu lutei contra o cigarro, apanhava um colocava na boca, tirava, conversava com ele e passados alguns minutos eu o esmigalhava e assim foi até que o pigarro sumiu e não precisei desafiá-lo mais (o cigarro).
Acredito que não me tornei um ex-fumante purgante, mas sempre que algum fumante desejar estou disponível para através do meu depoimento tentar ajudá-lo.
Vale a pena tentar amanhã às 12:50 horas serão 15 anos sem fumar.