Defender a Educação, a Formação e a Valorização de todos os Profissionais e Instituições de Ensino deveria ser o pressuposto de qualquer pessoa, mas, sobretudo, daqueles que exercem cargos públicos. 

     Por que estou falando que a educação precisa de defesa? Porque todo ato de defesa implica tomada de posicionamentos e enfrentamentos frente a algo que se encontra ferido, agredido, vilipendiado. Neste caso, refiro-me, especificamente, a UERN. Demorei a tomar “partido” porque custei a acreditar que fosse verdade o que circulava nas redes sociais, não por duvidar daqueles que denunciavam a agressão, mas por não querer acreditar que alguém, em seu juízo normal, na casa do povo, onde a defesa dos direitos do cidadão – e, para mim, a educação está entre os mais sagrados dos direitos-, deveria ser a premissa primeira fosse capaz de agredir uma instituição histórica, com grande contribuição a todos os setores de nossa cidade e com uma lista interminável de serviços prestados. 

     As palavras ditas contra a UERN se constitui uma agressão não apenas a instituição, mas a todos os alunos, professores e funcionários que passaram ou continuam em seus quadros. Considero esta agressão um ato nefasto ao sentido público da educação e a importância desta instituição não apenas para Mossoró, mas para todo o RN e estados vizinhos. 

     A UERN, enquanto espaço de produção e socialização do conhecimento, apesar de todos os problemas estruturais, orçamentários e outros que não nos cabe relacionar, sempre teve um compromisso social que se revela na formação intelectual, ética, humana e profissional de seus egressos. 

     A trajetória e a história da UERN, para além da formação de profissionais, tem grande contribuição na formação da identidade de nosso povo, marcada pelas lutas e transformações sociais, pelo diálogo com a sociedade e pelo princípio de que o conhecimento é historicamente produzido na e pela ação humana. 

     Posso afirmar, sem medo de errar, que a qualidade da educação e da formação na UERN, apesar de, a exemplo de qualquer instituição de ensino, necessitar de mudanças estruturais, não envergonha seu povo, ao contrário, DEVERIA ser orgulho de todos os mossoroenses. 

     Sou formada pela UERN e a ela devo a minha vitoriosa trajetória profissional, em tempo, vitória para mim é sinônimo de realização pessoal, felicidade e consciência de meu papel de cidadã. Foi lá que resignifiquei meus conhecimentos, reavaliei meus conceitos a (re)aprendi a me colocar frente a diversidade do mundo. 

     Foi dentro dos muros da UERN que descobri um mundo infinito de possibilidades, uma multiplicidade de saberes e um olhar respeitoso sobre as diferenças. Foi caminhando por seus corredores que percebi que o conhecimento é uma fonte nunca se esgota. Foi lá, sentada em seus bancos, em sala de aula ou “nas pracinhas” que desvelei um horizonte de possibilidades e me tornei consciente que jamais conseguirei saber de tudo, que o conhecimento, somente ele, pode nos mostrar o limite de nossa ignorância,

     Portanto, senhor vereador eu sei, não apenas, fazer a alfabeto inteiro, sem auxílio de qualquer objeto, mas reconhecer o “O” como uma forma circular, a mais justa forma de organização de um grupo, pois em círculo olhamos todos do mesmo patamar, ninguém está à frente ou atrás, não há primeiro ou último. Somos todos iguais, e lado a lado, podemos perceber que somos companheiros de uma mesma estrada, a estrada que nunca se completa e sempre se apresenta de forma desafiadora – aquela que nos leva ao conhecimento. 

     Provavelmente o senhor nunca vai ler este desabafo, não tem importância, vou publicá-lo mesmo assim, pois aprendi com meu velho e querido pai, que não sabia fazer um “o com uma quenga” a defender as coisas que acredito e a não calar diante de uma ofensa. Também aprendi que o ataque representa a falta e/ou inconsistência de argumentos, assim sendo, e desconhecendo os motivos que o levaram a ofender nossa UERN, creio que nada mais tenho a acrescentar, apenas lamentar que alguém, com poder conferido pelo povo, não valorize um dos maiores patrimônios da cidade.

     Ah! e não vou fazer uma lista de respeitáveis profissionais formados pela UERN porque seria enorme e injusta, pois nunca conseguiria contemplar todos os excelentes nomes que já passaram pelos bancos desta universidade que honra o povo potiguar.


*Desabafo nascido da indignação contra a ofensa feita a nossa Universidade. O agressor? Um Vereador, que em seu discurso na Câmara Municipal, ao vivo e cores, disse que "os profissionais formados pela UERN não sabem fazer um o com uma quenga".