Você entregaria seu voto a um corcunda?
- Amigo, você já sabe em quem votar?
- Pois olha, estou pensando em votar no Quasímodo.
- Você é louco! Vote em qualquer um, menos no Quasímodo.
- Mas por quê? Gostei das propostas dele.
- Não interessa, o Quasímodo é corcunda.
- É o quê?
- Corcunda.
- Nem tinha reparado. Mas qual o problema nisso?
- Como assim qual é o problema? Você entregaria seu voto a um corcunda?
- Bem, acho que nunca pensei a respeito.
- Está se vendo. Vou te explicar uma coisa: em corcunda não se vota.
- Mas qual é o problema com eles?
- Você tá de sacanagem comigo né?
- Juro que não sei.
- Você conhece algum país governado por corcundas que seja bem sucedido?
- Assim, de cabeça, não.
- É claro que não conhece. Vou te dizer: não existe. Pode procurar.
- Então os corcundas não são bons de governar?
- Se não são bons? Eu não confiaria o meu país a um deles.
- Mas eu até que gostei das propostas dele.
- Proposta de corcunda? Amigo, você tem que pesquisar bem antes de votar.
- Acho que tem razão. Mas também, como eu iria imaginar?
- Não dá para acreditar em qualquer propaganda assim não.
- E em quem você sugere que eu vote?
- Rafiki, aquele macaco do Rei Leão.
- O macaco do Rei Leão? Eu não voto em macaco do Rei Leão.
- Mas por quê, meu chapa?
- Ora! Tem até graça! Eu, votando em macaco do Rei Leão!
- Você por acaso ouviu as propostas dele?
- E precisa? Ele é o macaco do Rei Leão!
- O teu problema é que você tem a mania de rotular as pessoas.
- Eu não rotulo ninguém, só não voto em macaco do Rei Leão.
- Você está me saindo um baita de um reacionário, hein?
- Olha, eu sou teu amigo, mas você respeite a minha opinião!
- E você por acaso respeita a minha?
(Saem os dois discutindo. Sobe o som: "Ciclo sem fim", abertura do Rei Leão. Desce o pano)