Bom Dia! Boa Tarde! Boa Noite"

“Bom dia!”, passo cantarolando o cumprimento para um senhor sentado na calçada, na longa espera para ser atendido no pronto socorro, lá dentro muitas pessoas aguardam por consultas, algumas sentadas, outras em pé (falta espaço e cadeiras para todos). O homem olha surpreso e, devolve o cumprimento, através de um sorriso largo, sorriso conhecido como: “1010”!, é que, faltam alguns dentes na sua boca, observo suas mãos calejadas pelo trabalho duro. Sigo feliz para o meu destino!

Uma mania um tanto perturbadora para o século em que vivemos é o cumprimento! Pois é, ando pelas ruas da nossa cidade felicitando os que encontro pelo caminho. Uma senhora devolve um “Boa Tarde!”, perplexa! Um casal olha desconfiado ao receber um, “Tudo bem!?”. Atravesso a rua, um jovem passa e não responde ao cumprimento festivo, caminho alguns passos, olho para trás, e, o vejo parado, conversa com outro jovem, o dedo aponta em minha direção, estão, rindo. ”Ah! Deve estar me considerando desequilibrada, ou, excêntrica!”, penso alto. Não me importo e continuo o percurso!

No supermercado cumprimento uma jovem senhora, imóvel em frente à padaria olhando para o nada... Não me responde! Escolho os pães moreninhos, ensaco-os, ela continua, ali, estática, ando uns passos, canto um alegre “Boa Noite!” para ela, de súbito, me olha e começa a chorar! Um mal estar me invade! Penso em parar de cumprimentar..., isto que, considero uma gentileza, aprendida na infância, acompanhando o meu pai ao andar a pé, ou, de bicicleta pelas ruas da Noiva da Colina! Surpresa maior tive ao receber um abraço carinhoso, invadido por “Obrigadas!”, uma, duas, três vezes em seguida; “Obrigada!”, disse a moça de riso largo e de lágrimas nos olhos.

Cumprimentar faz bem! Tenho prazer em fazê-lo! Cumprimento os conhecidos, mas, o melhor de tudo é dizer um sonoro “bom dia” para quem trabalha de sol a sol no sustento dos seus familiares, colaborando para a organização e limpeza das nossas cidades. Dou um sorriso escancarado ao falar: “Bom dia”, ou, “boa tarde” para as margaridas, essas heroínas, que varrem os nossos logradouros, um pouco mais difícil é cantar um: “boa noite” para os lixeiros, Caro Leitor, pois, no afã do seu trabalho na limpeza, estes atléticos maratonistas, passam correndo..., o “boa noite” fica literalmente para trás! Trabalhadores invisíveis aos olhos da sociedade, num pensar “maniqueísta”, de que, eles têm a obrigação de varrer e recolher os lixos, por isso, não olham para eles! Valorizar o trabalho de cada um é pensar uma sociedade mais igualitária, mais justa. Benjamin Franklin ensina: “Ser humilde com os superiores é obrigação, com os colegas é cortesia, com os inferiores é nobreza.”.

A cortesia possibilita um dia mais alegre, você não precisa ser intimo de uma pessoa para cumprimentá-la, apenas fortaleça uma das atitudes básicas da convivência humana nas nossas cidades, tão atribuladas pela correria, pela lei de levar vantagem em tudo, seja cortês no trânsito com o pedestre, dando maior atenção, a passagem das crianças e dos mais velhos, por exemplo, então:

“Bom dia”!, “Boa Tarde”!, “Boa Noite”!

Ana Marly de Oliveira Jacobino)_ Coordenadora do Sarau Literário Piracicabano, um trabalho voluntário que completa 10 anos, com muito orgulho