"UM LUGAR NO MEIO DO NADA"!
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“Era um lugar no meio do nada”, disse-me um taxista que me transportava de uma consulta médica, quando me apresentei como ex-diretor do SEST/SENAT, referindo-se ao terreno que a Confederação Nacional do Transporte – CNT recebeu por doação de Paulo Farias Imóveis, na Zona Leste de Manaus, incluindo a compra de duas ruas. Ele era apenas um terreno no meio do nada, mesmo! Hoje, existem vários bairros à sua volta! Dentro do terreno de 60 mil metros quadrados, ao passar o trator para prepará-lo, desbarrancando e removendo terras das duas ruas adquiridas, foram encontradas carcaças de carros depenados, calcinhas de meninas, colchões velhos no meio do mato e peixes no Igarapé que passava ao lado. Existia um campo de futebol de areia ao lado, usado por moradores de casas construídas pela Prefeitura de Manaus. Fui lembrando desses fatos quando seguia de táxi para o anfiteatro da Ponta Negra, para assistir ao show da dupla mineira Alan e Alex, como atração nacional.
Conversando com o motorista Naldo Oliveira, da Tocantins Rádio Táxi, sobre como tinha sido Manaus (Naldo Oliveira veio de Belém para Manaus, em 2006 quando a cidade já possuía mais de um milhão de habitantes. Hoje possui dois milhões e trezentos mil) no passado, lembrei da primeira reunião dos sete primeiros técnicos dos Conselhos Regionais, promovida pelo Departamento Executivo, em 1984, em Brasília, um ano depois que o presidente Itamar Franco ter assinado a Lei 8.706/83. Clésio Soares de Andrade que substituiu o empresário Thiers Fatores Costa, na presidência da Confederação Nacional do Transporte Terrestre, e a transformou em Confederação Nacional do Transporte, criando várias diretorias e dando voz e voto a todos os modais, a transformou em Confederação Nacional do Transporte. Thiers havia substituído o empresário de transportes Camilo Cola, na presidência. O tempo não passou; voou. Parece que foi ontem que tudo aconteceu, tão vivas são minhas lembranças do passado!
Lembrei que havia vendido picolé na praia, quando ela se dividia em duas: a praia da Ponta Negra, a maior e a chamada Prainha, menor, mais afastada, arborizada e mais frequentada pelos casais em início de namoro; outros, nem tanto assim. Perguntei à diretora Grece Lane, sobre uma antiga foto do presidente do CRN, Francisco Bezerra, com o empresário Paulo César Farias e eu ao fundo. Na foto, Paulo Farias apontava na planta de seu loteamento, com terrenos demarcados com 5X8, com ruas de barro, mas sem água, luz, asfalto ou qualquer infraestrutura as duas ruas que teriam que ser adquiridas. Era mesmo um terreno no meio do nada, como disse o motorista de táxi que me transportara antes. A foto é um registro histórico na luta para construção da sede da Unidade em Manaus. Lembrei também que nas primeiras reuniões do CRN, no Pará, diziam que o SEST/SENAT seria um órgão sem cabeça, porque o Conselho Regional ter sede no Amazonas e exigiam que ficasse em Belém.
A estrutura do SEST/SENAT é piramidal, composta por um Conselho Nacional, um Departamento Executivo- DEX e os Conselhos Regionais em cada Estado. Em Manaus, o CRN – Conselho Regional Norte é comandado desde antes da inauguração da Unidade Manaus, “Francisco Saldanha Bezerra” pelo empresário, que não queria ser homenageado, mas sugeri ao membro do Conselho do município de Santarém, Washington do Vale, que sugerisse seu nome durante reunião do CRN, causando surpresa ao homenageado, porque fora aprovada por unanimidade pelos membros do Conselho, que teceram discursos elogiosos ao empresário.
A comemoração dos 20 anos das duas entidades, na praia da Ponta Negra começou a pela manhã, com oferecimento de serviços médicos, sociais, odontológicos e prestação de outros serviços oferecidos pelo SEST/SENAT, junto com shows que eram exibidos no palco do anfiteatro, simultaneamente. À noite, seria o encerramento com a dupla Alan e Alex, que seria a atração nacional. Durante o evento, fiquei tomando os remédios e urinando com muita frequência. Como não sabia onde ficava o banheiro químico, pedi ajuda para chegar até ele, na primeira vez. Ficava atrás do palco e fui descendo uma longa escada, acompanhado pela professora Jandira Lima Muniz. Na segunda vez, decidi ir desacompanhado, mas recebi um toque no braço da professora, que ficara encarregada de levar-me para descer as escadas, degrau por degrau, lentamente e com cuidado.
“Por que o senhor decidiu vir sozinho, seu Carlos?” perguntou-me.
“Não queria mais incomodar a ninguém”.
“Não está incomodando nada. A Grece me designou para auxiliá-lo”!
“Como você me viu?”
“Foi a Grece que lhe viu descendo sozinho e pediu-me que viesse acompanhá-lo”.
“Não precisava mais, só pedi na primeira vez porque não sabia onde ficava o banheiro químico. Agora já sei”.
“O senhor é bem teimoso, não é seu Carlos!?”
Deixei o local às 22 horas, porque o motorista do Táxi foi buscar-me e chegou antes do horário. Ajudou-me a atravessar a rua. Adorei a festa e de ter recordado o meu passado. Foi uma noite maravilhosa; os cantores eram bons, gritavam quando cantavam. O Naldo Oliveira, perguntou-me sobre os balneários que existiam em Manaus e lhe disse que o do Parque 10 tinha sido um dos mais lindos da cidade. Mas que existiram vários outros na Estrada do V-8, local em que moro, com o nome de Efigênio Sales. Ao chegar em casa, minha esposa Yara Queiroz recebeu-me à porta, feliz porque estava de volta, sem problemas. Ela sempre fica preocupada quando saio sozinho porque posso sofrer convulsões, embora meu médico Dr. Dante Luis Garcia Rivera, com quem me consultei pela manhã, me dissera: “Parabéns, você está há mais de um ano sem novas convulsões!” Nem eu sabia disso porque perdi completamente o meu raciocínio matemático e não distingo mais o que é lado direito ou esquerdo, datas, aniversários, compromissos e costumo esquecer mais rápido do lembrar. Meus compromissos, inclusive as consultas médicas de rotina a cada seis meses são registradas em na agenda de meu celular!