Pedra bruta em nascente de rio é irregular, disforme, cheia de pontas. Levada pela correnteza mergulha na suavidade das águas, e no contato com outras pedras vai lentamente e dolorosamente se lapidando. Buscando equilíbrio, a pedra rola, rola... e, levada pela força natural, torna a correr rio abaixo para um destino final. Durante o percurso, os inevitáveis atritos quebram-lhe as pontas e, ferida, vai se moldando, tomando forma menos áspera, menos agressiva, menos perigosa. Com líquidas carícias, as mãos bondosas do tempo cicatrizam os ferimentos, e a suavidade da água vai, com paciência, moldando a matéria bruta até produzir a lisura que protege o diamante.
Somos pedras preciosas imersas na correnteza da vida. Estamos sendo constantemente lapidados pelos atritos naturais e invisivelmente curados pelas águas medicinais do tempo.
Somos pedras preciosas imersas na correnteza da vida. Estamos sendo constantemente lapidados pelos atritos naturais e invisivelmente curados pelas águas medicinais do tempo.