Quando a banda disse "boa noite"
Quando a banda disse "boa noite", percebi que iria perder vocês...
Foram estas palavras de meu professor que me disseram que eu deveria falar algo sobre minha formatura. E o meu medo é de me adaptar, porque nos adaptamos muito fácil a tudo. Meu outro medo é simplesmente esquecer. Claro que os detalhes vão acabar se dissolvendo da memória, mas o que nunca pode acabar é a sensação de vitória, o sabor delicioso de vencer, de chegar lá, de fazer valer a pena essa conquista.
Por falar em lembranças, eu ainda lembro do meu primeiro dia de aula. Na verdade lembro de bem antes: meados de 2010, um “flyer” (depois que comecei a fazer a faculdade, descobri que o nome daquele papelzinho era flyer), falava do curso de publicidade propaganda, e como meu sonho era cursar comunicação social em alguma área, daquela forma estava possível de realizar. Não apenas financeiramente, mas de todas as formas de conseguir manter a situação.
E sobre o primeiro dia de aula, eu também lembro muito bem: primeira quinzena de fevereiro, segunda feira, eu usava uma gola polo azul e jeans. A aula começava as 18h e 30min, mas claro que primeiro dia nunca. Aula de História da Comunicação com aquele que seria um dos melhores professores, Sandro Waltrich. Muitas caras estranhas, umas trinta e poucas. Sentei no fundo da sala, e ninguém conversava, a não ser os que já se conheciam como Willyanne e Taffarel. Ao meu lado, na outra carteira, uma menina chamada Maria, ela me sorriu e eu retribui. Tinha esperanças de que houvesse mais alguém da minha cidade, mas não, o mais próximo era São João, poucos representantes do código 48. E o que deveria ser apenas uma aula, uma simples aula, não foi, porque comigo poucas coisas conseguem ser simples. Fomos chamados para uma avaliação do MEC. Isso mesmo, o curso seria avaliado pelo MEC, e quem melhor para dar as respostas ao ministério, do que os próprios alunos? Fomos, e no entanto o que sabíamos dizer? Não fazia nem uma hora que éramos parte do quadro de discentes da instituição para ter uma opinião ou reclamação contundente a fazer. Depois sim tivemos aula.
Eu enfrentei 3 anos e meio, subindo e descendo a famosa serra de Brusque, bem perigosa e em um ônibus bem perigoso também. Lembro de muitos momentos tensos, ruins, bons. Os trabalhos, eles queriam sempre trabalhos melhores do que os anteriores. Tínhamos até parte do curso, o TI, trabalho interdisciplinar (ou integrado? Juro que não lembro), onde todas as disciplinas tinham de estar presente na defesa da comunicação de algo, com direito a apresentação e tudo. Era um verdadeiro espetáculo, um show, e ainda bem que terminou, porque se tivesse de evoluir a cada semestre, o que poderia acontecer? Explodirem uma cidade? Contratar um musical da Broadway? EM alguns a gente se empenhava bem, outros não, e o mais importante era que fazíamos o que gostávamos, o que gostamos! Ali era o lugar de errar e acertar das formas mais diferentes.
Vimos mudança de diretores, eu ainda tive o prazer de conhecer o melhor (não menosprezando os demais, mas aquele cara não existe). Mudança de sistemas (que raiva), mudança de salas, de coordenação, de professores, de grupo educacional, de metodologia... Parece que nosso curso estava sobre uma ponte podre, e a cada degrau ia caindo onde pisamos, pois a cada vez que passávamos por uma etapa (difícil), no outro semestre ela eixava de existir: fomos a turma que enfrentou tudo!
Quando assinei aquele contrato de matrícula na Assevim, já imaginei como seria formatura. Com detalhes, sim porque minha imaginação é bem poderosa. E é o que todo mundo quer, é o que todo mundo que batalha honestamente merece: comemorar sua vitória. E no fim das contas, escrevi isso tudo para dizer que não poderei escrever nada, pois esse dia foi indescritível. Qualquer palavras que eu utilize será menor, fará ser menos do que realmente foi. Inexplicável dentro da minha emoção e protegido por cada partícula de meu sentimento, assim será essa data. Pensei que talvez nunca chegasse, mas ali estava a realidade. “cai na real” quando me chamaram na sala e vesti a beca, do jeito que sempre via em fotos e filmes, mas agora era comigo e de verdade. As lágrimas foram inevitáveis, as primeiras dos litros que foram derramados, brindados naquela noite.
Ouvi o meu nome para ganhar um diploma, para adentrar ao salão como formado, graduado, terceiro grau completo em comunicação social – publicidade e propaganda. Sim,sim, não era um engano, era tudo comigo mesmo, desde o discurso bem nervoso até os aplausos finais. Tudo inesquecível, e que nenhuma palavra poderá expressar, mas quando fecho os olhos, tudo acontece de novo na minha mente e no meu coração.
E eu agradeço por isso, por cada detalhes, e como já dizia o convite: aos pais, aos amigos, aos que amamos, a Deus, aos colegas de sala de aula, aos mestres, a quem não chegou lá, a instituição, as flores, ao sol, as paredes, ao ar, a vida, a tudo poxa!
Ao meu professor, digo que não perdeu nada, mas além de alunos, ganhou mais amigos, e nós também não acabamos nada, apenas iniciamos de outra forma, tivemos mais um começo, como sempre prevemos e quisemos. Uma parte boa da história, um pedaço do tempo que me chama para brindar e sorrir na memória, e me motiva para lutar ainda mais, me motiva para nunca esquecê-los, e ter espaço para estas figuras honrosas no meu coração. Tudo isto, todos estes estão sempre comigo.
Por isso, que a banda possa dizer “boa noite” sempre, para que você perceba que nos ganhou ainda mais!
Douglas Tedesco – 26.08. 2014.