MINHA VISITA A UMA LOJA DE SEXSHOP

Essa história tem pelo menos uns cinco anos. O fato só aconteceu porque eu estava fazendo uma pesquisa sobre sexualidade para a minha dissertação de mestrado em Teologia. Foram minutos hilariantes. Mas, não cheguei à loja porque queria fazer a pesquisa e sorteie o local. Com tudo começou?

Era uma quinta-feira, provavelmente entre Agosto e Setembro, pois o vento ainda estava frio. Justifico! Moro num bairro que fica na zona sul e tem praia. Devia ser umas quatro horas da tarde. Aliás, a hora do dia que eu mais gosto, e logo a seguir, vem o matizado de final de tarde no céu. Não é lindo?

Meu marido era gerente de uma das agencias do Banco Brasil do bairro. E, como gerente de atendimento; você sabe, aquele cuida do atendimento e auto-atendimento do banco. Pois bem, certo dia, uma cliente foi a agencia solicitar um empréstimo para capital de giro da sua empresa. Mas, para que o empréstimo fosse concedido, o dois gerentes precisariam fazer uma visita, verificar as condições da loja, do estoque, do que seria dado como garantia. Até ai, nada de anormal; mas quando souberam que a loja era uma Sexshop, e o estoque era o material você sabe bem o que é. Os dois amarelaram. Não queriam ir, mas era seu trabalho, então, um dos funcionários se prontificou, mas o nível dele não dava. Bom, como tinham que fazer a visita, levaram o funcionário, que desceu, pois o estoque ficava numa espécie de porão. Os dois gerentes não passaram da loja.

Quando eu soube do ocorrido, afirmei que gostaria de ir visitar para fazer uma pesquisa sobre quem são os clientes que mais freqüentam a loja, quais os acessórios que são mais vendidos, etc. Novamente, o gerente, meu marido, ficou na loja e a vendedora desceu comigo, mostrou todas as novidades, quem comprava, qual era atitude deles, quando um casal pretendia comprar algum artigo, ele entrava e ela disfarçava do lado de fora, e assim por diante. Foi uma entrevista curiosa, muito informadora e profissional. As perguntas surgiam aos borbotões.

A curiosidade falou mais alto. Perguntei como funcionavam alguns equipamentos que jamais vira. Achei um tanto exagerado um acessório, cujo complemento massageava você pode imaginar o que. Entre todos os objetos, um me chamou mais atenção, foi um colar de perolas enormes, e perguntei se era artigo para presente. Como tem gosto para tudo, podia ser, não podia? Mas, não era. Era para ser inserido no, você sabe o que. Quando soube da sua utilidade, devo ter arregalado os olhos, pois eram perolas bem grandes, e fiquei imaginando como caberiam. Perguntei: sim, mas faz o que? A vendedora pacientemente me explicou que seria introduzido e puxado vagarosamente. No que perguntei: E? Dá prazer, explicou ela. Quem compra isso? Casais homossexuais, prostitutas, casais que querem uma relação mais intensa.

A vendedora me deu todas as descrições, e me deu o perfil do cliente assíduo, do esporádico, o curioso. Subi e encontrei meu marido conversando com a dona da loja sobre negócios, empréstimos. Mas, curioso mesmo, foi fazer o relatório para poder encaixar na minha dissertação, que foi adicionado a um capitulo que não vou mencionar agora, pois pretendo publica-lo após uma adaptação para livro.

Bom, até ai, tudo bem. Mas resolvi abrir a boca para um grupo de amigos da minha igreja, numa reunião do meu grupo de casais. Eles ficaram boquiabertos. Alguém do grupo perguntou como eu tivera coragem de ir lá. Para não queimar o meu filme, contei a mesma história descrita acima. Não sei se sentiram inveja, ou viram com uma extravagância ou pecado. Não esperei para saber a resposta, tanto que ainda faço pesquisa sobre sexualidade, mas nunca usei os artigos que encontrei lá. Acho que ainda sou muito puritana. E isso não é tão ruim quanto se pensa e nem descrevi com detalhes o que lá encontrei. Se não, seria reprovada por falta de decoro. Imaginem, relatar isso numa dissertação num curso de Teologia.

Saibam, que no dia da minha formatura. Foram dez mestrandos. Juntamos-nos, colocamos a toga, e perguntávamos uns aos outros: qual foi o seu tema. Quando chegou a minha vez, todos disseram. Ah, você é a dona dessa dissertação? Todo mundo pegou nela. Isso sim, é que mais curioso. Causou um reboliço, mas minha nota foi 10. Podem crer!

Teófila,

A pesquisadora