Com direito à sobremesa
“Acho que a literatura, tal como as artes plásticas e a música, é uma das grandes consolações da vida, e um dos modos de elevação do ser humano sobre a precariedade da sua condição.” (Antologia Poética, trecho da carta ao leitor, Carlos Drummond de Andrade)
Esta semana senti na pele o efeito de experiências que contrariaram a conhecida “Lei de Murphy”. Como se fosse a um jantar, convidada por um amigo, sem mal conhecer o anfitrião, mas sabendo de antemão as guloseimas que provavelmente seriam servidas, parti para São Paulo, para cumprir o ritual do lançamento do meu livro, Aurora Boreal, o que poderia ser o maior mico de minha vida. Mas de repente, tudo começa a dar certo: não houve atraso no voo, pousamos às 11h30min em São Paulo, uns quinze minutos antes do horário previsto, o ônibus para a Praça da República iria sair do aeroporto de Guarulhos ao meio dia. E assim sucessivamente, eu fui me acalmando, deixando de lado o nervosismo e me preparando para falar pela primeira vez com meus futuros leitores.
Entretanto no dia do lançamento comecei a duvidar se tudo daria certo mesmo, então decidi sair do bem mais cedo do que o normal. Peguei o táxi na porta do hotel. Disse ao motorista que queria ir à Bienal do Livro. Este não relutou e seguiu o percurso demonstrando sabedor do trajeto. Todavia ele começou a me fornecer orientações um pouco desanimadoras. Disse que não poderia parar muito próximo do evento, porque estava acontecendo uma pequena maratona, e desse modo teria que me deixar um quarteirão antes. Fiquei perplexa e pensando como dois eventos poderiam coincidir numa mesma manhã de domingo. No entanto antes que minha ansiedade começasse a explodir, ele fez um comentário mágico: “já estamos próximos ao Parque do Ibirapuera!” Foi então que retruquei, “Como assim?”, “A Bienal deste ano está sendo no Parque do Anhembi!” Desculpando-se, ele pegou o retorno e o itinerário correto.
Conquanto que depois deste pequeno desvio, as coisas voltaram a entrar nos eixos. E como o lançamento do livro só ocorreria às 17h, eu pude degustar de algumas atrações da Bienal. Servi-me como quando estamos com muita fome num “self-service” requintado. Assisti às palestras: “Decência é bom e eu gosto”, do filósofo e escritor Mário Sérgio Cortella, que destacava a importância da ética na sociedade contemporânea; “O lugar da crítica literária”, com os escritores Silviano Santiago e Hans Ulrich; e por último, no espaço do SESC, eu convivi, alguns inesquecíveis segundos, com dois atores vestidos de carteiros que me presentearam com uma suposta carta de “Mario Quintana”, endereçada para mim.
Por fim depois de degustar do belo poema tão bem declamado, dirigi-me um pouco relutante para concluir o objetivo da viagem. Apesar do calor, acredite, ainda tive direito à sobremesa. Foram duas horas de rodízios de tortas de chocolate, morango e pudim de leite. Quantos abraços! Entreguei uma pequena fatia de carinho e esperança, para mitigar um pouco os dissabores humanos.
Esta semana senti na pele o efeito de experiências que contrariaram a conhecida “Lei de Murphy”. Como se fosse a um jantar, convidada por um amigo, sem mal conhecer o anfitrião, mas sabendo de antemão as guloseimas que provavelmente seriam servidas, parti para São Paulo, para cumprir o ritual do lançamento do meu livro, Aurora Boreal, o que poderia ser o maior mico de minha vida. Mas de repente, tudo começa a dar certo: não houve atraso no voo, pousamos às 11h30min em São Paulo, uns quinze minutos antes do horário previsto, o ônibus para a Praça da República iria sair do aeroporto de Guarulhos ao meio dia. E assim sucessivamente, eu fui me acalmando, deixando de lado o nervosismo e me preparando para falar pela primeira vez com meus futuros leitores.
Entretanto no dia do lançamento comecei a duvidar se tudo daria certo mesmo, então decidi sair do bem mais cedo do que o normal. Peguei o táxi na porta do hotel. Disse ao motorista que queria ir à Bienal do Livro. Este não relutou e seguiu o percurso demonstrando sabedor do trajeto. Todavia ele começou a me fornecer orientações um pouco desanimadoras. Disse que não poderia parar muito próximo do evento, porque estava acontecendo uma pequena maratona, e desse modo teria que me deixar um quarteirão antes. Fiquei perplexa e pensando como dois eventos poderiam coincidir numa mesma manhã de domingo. No entanto antes que minha ansiedade começasse a explodir, ele fez um comentário mágico: “já estamos próximos ao Parque do Ibirapuera!” Foi então que retruquei, “Como assim?”, “A Bienal deste ano está sendo no Parque do Anhembi!” Desculpando-se, ele pegou o retorno e o itinerário correto.
Conquanto que depois deste pequeno desvio, as coisas voltaram a entrar nos eixos. E como o lançamento do livro só ocorreria às 17h, eu pude degustar de algumas atrações da Bienal. Servi-me como quando estamos com muita fome num “self-service” requintado. Assisti às palestras: “Decência é bom e eu gosto”, do filósofo e escritor Mário Sérgio Cortella, que destacava a importância da ética na sociedade contemporânea; “O lugar da crítica literária”, com os escritores Silviano Santiago e Hans Ulrich; e por último, no espaço do SESC, eu convivi, alguns inesquecíveis segundos, com dois atores vestidos de carteiros que me presentearam com uma suposta carta de “Mario Quintana”, endereçada para mim.
Por fim depois de degustar do belo poema tão bem declamado, dirigi-me um pouco relutante para concluir o objetivo da viagem. Apesar do calor, acredite, ainda tive direito à sobremesa. Foram duas horas de rodízios de tortas de chocolate, morango e pudim de leite. Quantos abraços! Entreguei uma pequena fatia de carinho e esperança, para mitigar um pouco os dissabores humanos.