METADE

Clarice Lispector, ao mesmo tempo que fazia reflexões sobre a profundeza de sua alma em seus escritos, ao mesmo tempo era de uma reclusão quase que celibatária, deixando apenas poucos compartilharem quem era, e não aquilo que projetava ser.

"Não sei amar pela metade. Não sei viver de mentira. Não sei voar de pés no chão. Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma para sempre."

Analisando de forma cartesiana, o texto é ambíguo e simultaneamente definitivo... uma mulher escrevendo sobre sua forma de viver a vida... mas o interessante é que tal alegoria deveria ser regra para todos aqueles que vivem em sociedade.

Se eu amo alguém, necessitamos da plenitude para ser feliz... qualquer elemento menor que isso é sinônimo de decepção...

Não existem meias verdades, mas sim uma pluralidade de entendimentos que, invariavelmente, nunca serão uníssonos. Mas prudente é conviver com aqueles que compartilham os nossos princípios.

Voar com os pés no chão é simbólico... é estar comprometido com nossos sonhos, expectativas, desejos... não confrontar com a nossa própria identidade.

E ser sempre nós mesmos... bem... Clarice é de uma felicidade ímpar ao concluir que o fato de mudarmos não significa que deixamos de lado a nossa personalidade, a consciência que nos faz únicos, mas sim que às vezes podemos passar por uma metamorfose... mudar para melhor... ou mesmo para pior.

Concluindo, ser íntegro é melhor que ser apenar parte de um todo, por que esse nada que deixa uma vazio na nossa existência impede que sejamos aquilo que efetivamente somos... um pouco menos imperfeitos...

SEBASTIÃO SEIJI
Enviado por SEBASTIÃO SEIJI em 22/08/2014
Reeditado em 22/08/2014
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