VERBO E VERBA
Prof. Antônio de Oliveira
antonioliveira2011@live.com
Em época de eleições, de enchentes, e no tocante a obras de infraestrutura prioritárias, preventivas e seguras, há um mal de raiz: o descaso de nossos poderes públicos desconstituídos para o povo. Sobra verbo e, apesar de tanto imposto, falta verba.
Verbo é uma palavra rica, divina. Designa e nomeia a segunda pessoa da Santíssima Trindade, encarnada em Jesus Cristo: e o Verbo se fez carne!
A linguagem articulada é característica do ser humano, enquanto linguagem convencional, em muitas línguas e em inúmeros recursos coadjuvantes de expressão e comunicação. Desde a mímica, passando pela música, pela arquitetura, artes plásticas, cênicas ou teatrais. Os animais também têm sua linguagem, porém natural, embora alguns, como o papagaio, sejam capazes de repetir, sem parar, o que ouvem. Ou como o cão que se comunica com o seu dono.
Mas, como toda medalha tem dois lados, também esse verbo, verbo divino, malbaratado em política pequena, humanamente desumana, tem suas corruptelas, chamadas verborreia ou logorreia, ambas as formas rimando com diarreia, que também significa grande abundância, mas de outra coisa. Verborreia, ou também verborragia, significa grande abundância de palavras, mas com poucas ideias, no falar ou discutir, em suma, e sem sumo, discurso vazio.
Verba tem a mesma raiz de verbum. Em latim, verba é plural de verbum. Portanto, linguisticamente, verbum e verba se correspondem. Politicamente, uma palavra em geral significa promessa vazia e demagógica da outra. Aliás, demagogia também é corruptela de democracia.
O Verbo se fez carne, mas as pessoas não o compreenderam. Transformaram o verbo em promessas vazias, apelos demagógicos, linguagem abstrata, quando não em mentiras. São João o pressentiu: a luz resplandeceu nas trevas mas as trevas não a perceberam. O Verbo se fez carne mas a carne não se faz verbo. Fica no ar a pergunta drummoniana: – Por que mente o homem?
mente mente mente desesperadamente?