Quando se pode ter um sono profundo e reparador
Estava acompanhando o trabalho do pedreiro na obra de colocação de um novo piso na garagem e precisei, de repente, ir até uma loja no centro da cidade comprar algo que se fazia necessário. Evidentemente, não tive tempo de substituir a bermuda farrapada, tampouco o par de chinelos por uma calça e o tênis, os quais por certo, causariam melhor impressão.Apesar da insistência de minha mulher para que eu fosse mudar o visual, peguei o carro e, incontinente, fui ligeiro cumprir a minha obrigação, visando não comprometer o serviço do profissional, que aguardava o meu retorno.
Na primeira loja, pequena e de menor movimento, não encontrei o que precisava. Então me dirigi à principal e mais freqüentada organização de materiais do ramo de construção do município, onde fui atendido na minha pretensão.
Como sou bastante conhecido devido às atividades jornalísticas e acadêmicas, recebi o cumprimento de quase todos que lá se encontravam, por sinal, em grande número. Entretanto percebi alguns comentários, em tom baixo, de pessoas as quais, procurando dissimular, olhavam para mim confirmando o que sempre questionei, isto é, as aparências enganam. Por que afirmo isto?
Ora! Esses cidadãos, ao invés de fixarem seus olhares para quem está mal vestido, devem proceder a uma oportuna reflexão e concluírem que inúmeros conterrâneos de gravata e perfume francês, como o Sr. José Dirceu e centenas de outros envolvidos em esquemas de corrupção, são os que merecem ser observados com desprezo e desconfiança pois, embora andem impecavelmente arrumados , não conseguem dormir de maneira idêntica a qualquer cidadão íntegro e digno o qual, todas as noites, obtém um sono profundo e reparador.
Lamentavelmente assim será sempre, uma vez que o homem, por entender-se materialista, impressionar-se-á pelo que vê e jamais pelo que poderá ser.