"POR FAVOR"
Sou natural de Rio Verde/Go e moro em Goiânia a muitos anos. Para quem não sabe, as duas cidades ficam a 220 km uma da outra.
Como minha família mora toda na cidade natal, muito frequente, vou visitá-los, especialmente meus pais, um casal invejável, que acaba de completar 62 anos de casados.
Dia desses, numa tarde de domingo, após essa habitual viagem de visita, eu estava voltando pra casa. Passei num posto de gasolina às margens da rodovia, numa das cidades do trajeto, queria botar um pouco de combustível, o suficiente para chegar com tranquilidade em casa sem os dissabores de ficar sem combustível na estrada, pois um tanque dá pra ir e voltar, mas chega na reserva.
Parei no posto:
- Boa tarde! Por favor, ponha vinte reais de etanol - Disse eu, entregando a chave ao frentista.
O mesmo se afastou para abastecer, eu abri a porta e desci, para dar uma esticada no esqueleto e fiquei próximo, olhando-o na sua tarefa. então ouvi dele um comentário desconcertante:
- Hoje, até agora, foi a primeira vez que ouvi um "por favor".
Senti vergonha de ser gente, humano, fazer parte de uma raça dita "civilizada".
Ao completar o abastecimento solicitado, paguei e me despedi, ouvindo um entusiasmado "Boa viagem, vá com Deus".
Dei partida e segui meu caminho. Pensei muito naquele comentário. E ainda penso até hoje, vários dias depois.