FRAGILIDADE. PAPA FRANCISCO.

Voltando da Coreia do Sul para o Vaticano, abertamente, fala o Papa de sua própria mortalidade, e confessa fragilidade quem está bafejado e sacralizado de todas as formas pelas fronteiras do divino.

Disse ele: “Uma de minhas neuroses é ser muito apegado à vida”.

Perguntado sobre sua grande popularidade disse ficar um pouco assustado com isso, mas agradecia a generosidade do povo e de Deus, e que não esperava viver mais de dois ou três anos, e que se não tivesse saúde para continuar faria o que fez o Papa Bento, e que agora há precedente institucional.

E acrescentou: “Internamente tento pensar em meus pecados e meus erros para não ficar orgulhoso, pois sei que isso não vai durar muito, mais dois ou três anos, e então (seguirei) para a Casa do Pai."

A fragilidade humana é gigantesca, mas não impede a caminhada.

Imaginemos nós, caminhantes de um maior e pretenso encontro espiritual, com nossa estatura minimizada diante do representante de Cristo e sua confessada e extremada fragilidade como ser humano.

Comparado ao Papa o que somos em termos de força e coragem, despojamento e confiança perto daquele que está envolvido e abraçado, embora um homem comum, por todas as cercanias que demonstram e provam a presença de Cristo, o Jesus de Nazaré, que prometeu uma outra vida, maior que esta por nós vivida? E vive o Papa com força de inigualável amplitude todas essas revelações.

O Papa está mergulhado, mesmo sem assim pretender, nos dons dos maiores inspirados, em Rafael, Michelangelo, Boticelli, Bernini, e pode sentir a intimidade do Museu Pio-Clementino e ter disponível o que a ninguém é permitido, como estar facultado e disponível deleitar-se o tempo que quiser e a qualquer momento com as nove cenas do livro do Gênesis do “Último Julgamento”. Fora o imenso universo sacro e renascentista do Vaticano e da Igreja como instituição sinalizando a alma dos que foram abençoados com visões incomuns.

Pode não parecer nada, mas não é pouco, essa liberdade em extasiar-se com obras que não podem ser momentos de uma história pura e simples, mas acima de tudo dons concedidos para alcançar de outra forma espaços não permitidos à inteligência, como fizeram esses máximos artistas, e por isso exclusivos, e que dificilmente de mesma excelência existirá em futuras obras semelhantes.

Esse contato acrescido de sua imponente envergadura intelectual, humana e espiritual, forte por estar sedimentada em sua simplicidade monástica, não exclui a sua fragilidade humana. Imagine-se a nossa.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 20/08/2014
Reeditado em 20/08/2014
Código do texto: T4930175
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