O garoto e seus arredores (Crônica de Bruno Oliveira)
São Paulo, quarta-feira à tarde, pouco mais de dez horas da manhã, um jovem bem vestido, andando nos paralelepípedos da calçada. Muitos carros, buzinas, fumaças, falatórios, celulares informando uma nova mensagem, crianças chorando, comerciantes clandestinos vendendo seu ganha pão. E o garoto continua a andar nos paralelepípedos, bicicletas, furtos, sirenes de ambulância, músicas da atualidade em grandes altos falantes. O garoto para de andar, observa uma cena interessante, um palhaço com uma pequena caixa em suas mãos, ele fica instigado pelo fato do palhaço alegrar todas as pessoas que o rodeiam. O que tinha naquela caixinha de madeira? Papéis, pequenos papéis cheios de letras, o garoto foi tão curioso que decidiu pegar um papelzinho onde estava escrito “seja feliz”. Guardou em seu bolso e continuou sua trajetória, já estava chegando. Começou a chover, uma tempestade forte, as negras dos cabelos lisos e loiros corriam com medo de estragar o extenso trabalho de suas cabeleireiras, senhores engravatados correndo para seus carros importados, do ano. E o garoto ali, andando no paralelepípedo da calçada, ele vê ao chão uma gigante poça d’água que atrapalha seu caminho, seu reflexo esta naquela poça, ele esta feliz. Trilhos, mais fumaças, construção de uma nova estação ferroviária, trânsito, pessoas a caminho de seus respectivos trabalhos, crianças com seus avôs levando-os para escola. O garoto finalmente chega, senti a brisa, o brilho da água cristalina do mar. É a praia, o único lugar que temos realmente a visão da natureza, nesta cidade que nos cobre com tantos prédios, muros, e poucas arvores e ar limpo. Corre, corre até chegar na água, entra com roupa e tudo, faz frio, mas ele esta satisfeito.