O mundo de Barbie
Que noite inspiradora de releituras e lembranças… Frases e frases sem fim de nostalgia mesclada à dor, com toques de felicidade furtiva e expectativas alicerçadas na esperança. Por sorte a Bruxa tem me ensinado a ver o lado bom das coisas – se bem que ainda há muito que aprender.
E, no fim, que cara tenho eu pra reclamar de dureza? Logo eu, que “abduzido” pelo impetuoso orgulho e pela vã vaidade rasguei e incinerei todos os rolos e pergaminhos de minha história, galgada passo a passo e construída com paciência, esmero e fé, por tuas mãos tão delicadamente esforçadas e sozinhas, como o pensas.
Que cara tenho eu para reivindicar a reconstrução de algo tão sublime, violentamente dilacerado pela inconsequência semiconsciente de alguém que vive em uma terra sem senso, em um “Mundo de Barbies”.
Mesmo assim, resignadamente, contudo resolutamente me ponho e exponho ante ti, na tentativa de servir-te agora de restolho amável, caso o desejes. Tens, como antes dito, o total direito e a livre licença de castigar-me enquanto te martirizas com as lembranças da dor, afinal, se tua dor não cessa, por que minha vergonha tem que cessar?
Quando e se te sentires livre, liberta-me, para que eu possa também gozar da sensação de paz roubada por meus obscuros atos, que hoje privam-me da realidade e me forçam a viver nesse horrendo mundo colorido onde mascaro minhas vergonhas pra tentar te fazer esquecer das tuas, e sigo com meus fantasmas, pra te libertar do medo de ser feliz ao meu lado.
Finjo não lembrar para não sentires. Como teimas em lembrar, nos digladiamos – Palavra contra Silêncio, impropério contra ignomínias. E assim, vai-se a vida passando, também fugindo… correndo apressadamente em seu curso natural.