Andar de ônibus
No banco próximo a janela do lado direito do ônibus, lá estou eu, sentada observando a paisagem que sei de cor. Percurso que faço todos os dias, sempre do mesmo modo. Mesmo ônibus, mesmo motorista, mesma cadeira e até o mesmo horário.
Aff! Que tédio, mas ainda é um jeito divertido e rotineiro de se ir para o trabalho. O problema são os livros didáticos que constantemente tenho que levar a tira colo, trocando as posições quando um dos braços começa a ficar dormente. (rsrsrs)
Voltando para dentro do ônibus, sempre levo algum livro para ler comigo, passa mais rápido o tempo. Evito conversas desnecessárias com desconhecidos.
Uma senhora obesa resolveu sentar-se bem ao meu lado, outro dia. Imprensou-me toda, quase fiquei sem fôlego. Tentei sugerir, sem sucesso, que ela fosse sentar-se num lugar vago. A Dona quase me bateu, no fim precisei sair do lugar para não apanhar.
E o ceguinho, rapaz jovem e simpático, sentou-se no meu colo, literalmente fazendo todos os passageiros rirem da situação, como eu estava lendo levei o maior susto e comecei a gritar desesperadamente. Que mico paguei nesse dia.
Andar de ônibus em dia de chuva, também não é nada bom. Perdi a conta de quantos guarda-chuvas já esqueci dentro de um coletivo (nome genérico para ônibus em João pessoa).
Mas, e o lado divertido que citei a algumas linhas atrás? São os momentos esporádicos do dia a dia. A minha colega quase ficou presa na catraca e eu comecei a rir descontroladamente. Quando o efeito passou, fiquei uma semana chegando atrasada ao trabalho de propósito, com vergonha do motorista e do cobrador. Pois, não havia dado um bom exemplo como cristã. E passei a comportar-me de maneira correta. Até passei a conversar com os que se sentavam próximo a mim, falando do grande amor de Deus por nós.
Andar de ônibus é assim, um dia está cheio no outro vazio, todos seguindo os seus caminhos em pé ou sentados, seja de que jeito for, vale apena arriscar-se quando não se tem outra opção.