MEU LUGAR NO MUNDO!
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O meu lugar no mundo é o que construirei pelas minhas ações, omissões e atitudes, mas não é muito diferente de um país, Estado ou Município: porque nós é que construímos o local ideal no qual desejamos viver e nele morrer também!
“Ontem foi segunda e agora acabou a semana. O tempo está passando rápido demais”, disse-me o administrador condominial do Residencial Mundi Risort, Roberto Valin, me despertando das divagações. Independente do lugar que moramos, devemos sempre primar pelo bem coletivo de todos, como em um país, em qualquer local que venhamos a ocupar, devemos respeitar ao próximo. Se não gostamos de alguém o substituímos nas urnas, democraticamente, mas não devemos ofender a ninguém, por pior que ele pareça ser. Voltei ao mundo real e respondi:
- É verdade, e acrescentei: “o senhor sabia que o tempo não existia, foi criado pelo homem para contar os fatos da história, cristianizado pela Igreja Católica e agora somos todos escravos de nossa própria criação?”. Ele nada respondeu, ficou em silêncio, pensativo e olhando para mim! Como conselheiro do Condomínio, o acompanhava em um processo rotineiro de observação que faço sempre que posso e os remédios que tomo me permitem, me imaginando um Ministro, um Secretário, observando tudo no lugar que moro, não muito diferente do que deveriam fazer quaisquer autoridades públicas no cumprindo de um dever ético, moral e coletivo, parte integrante de cada cidadão. Entre um condomínio ou um país, não existe diferença conceitual. É sempre igual: exige-se tudo, mas poucos se sentem responsáveis, pelo que fazem ou deixam de fazer. Descartam lixos em locais inapropriados e cobram limpeza para sua própria sujeira, gastam energia sem necessidade e reclamam da conta de energia elevada. É tudo igual, só muda o lugar. Depois, ainda reclamam da taxa de condomínio que consideram elevada, como reclamam dos impostos que estão elevadíssimos. Faço minha parte para melhorar o bem-estar social no condomínio, como o farei na política em outubro. Caminho com passos lentos, não tão firmes como o foram em passado recente, passo o dedo em locais que vejo sujeira, como deveriam fazer todos os gestores públicos das áreas nevrálgicas das áreas de saúde, segurança e educação e aproveito para apreciar as belezas que existem no Condomínio Mundi, dividido em três etapas, com um resto de mata virgem, dividindo as etapas R1- Ilhas do Caribe; e R2-Ilhas da Oceania, da R3-Ilhas da Europa. Todas as etapas possuem seis torres de 18 andares .É uma cidade com mais de 3.700 pessoas e aproximadamente 1.850 carros
O local era uma floresta primária e agora, estão 11 torres com cinemas, academias, quadras poliesportivas, salões de festas, salão gurmê, salão mulher, salão de beleza e um centro comercial à entrada. Administrar o Condomínio não é fácil, como também não o é administrar um país: faz-se muito e depois chega-se à conclusão que o muito não significou nada para quem é contra por ser simplesmente contra, apenas. Os problemas são muitos, o dinheiro é pouco, a corrupção no país também o é elevada. Em condomínio, não se pode fazer empréstimos para pagar as contas, como se faz em um país quando está em dificuldades financeiras. Faz-se cota extra e paga-se o que deve, se tiverem sido autorizadas em AG. Caso contrário, o Síndico é destituído do cargo pelo voto e responde nas esferas jurídicas pelas despesas, como também deveriam ser feito contra os administradores públicos em todos os níveis. No Condomínio, está se buscando alternativas e formas para se chegar a uma equação satisfatória, reduzindo gastos e buscando a eficiência dos recursos: gastar sempre dentro do orçamento e da receita e investir só quando houver recursos em caixa para não gerar cotas extras, o que é ruim para todos. Administrar condomínio, é como se administrar uma cidade: o dinheiro é de todos e tudo tem que ser realizado para o bem coletivo. Isso, porém, é outra história sobre a qual já escrevi e publiquei. Os conselheiros seriam os ministros, secretários de Estado ou de municípios, que deveriam ser transparentes. Eu sou um deles, mas existem outros. Só que sou um dos mais chatos porque fui síndico anteriormente, por cinco vezes.
Amante da natureza, uma cebola rocha que estava nascendo na feira da banana, a trouxe na mão e agora nasce agora dentro de uma floreira, próximo às três churrasqueiras das torres do R-1. A natureza e a floresta que restou preservada me fascinam porque acordo ouvindo o canto dos pássaros. É um uma maravilha o local em que escolhi para morar e no qual pretendo morrer! Aonde antes, via uma floresta primária, hoje vejo torres de concreto. Mas, lembro-me que pela janela de meu primeiro apartamento ao lado do Mundi, filmava preguiças subindo nas árvores, araras felizes comendo coquinhos, periquitos voando soltos e hoje me deparo ocupando o lugar onde antes cantavam os pássaros, além de pacas, cutias, cobras e outros animais. No lugar onde existe a fonte, existia a casa de madeira de um caseiro com caminhos para dentro do mato fechado. Só havia caminhos e muito verde! Hoje só existem árvores plantadas e uma calçada cheia de plantas que liga todo o complexo. Existe uma ponte por cima do igarapé com o resto de floresta preservada. É uma maravilha para os olhos de quem não viu o que existia antes e uma tristeza imensa para mim, porque acompanhei de perto toda a destruição do que existia para dar lugar ao que existe hoje. Sinto-me impotente que olha o progresso chegando rápido, mas nada pode fazer contra. O progresso destrói sonhos e lembranças e constrói prédios. As lembranças do que eram os espaços são como uma fotografia em preto e branco que vai se desbotando pelo tempo até desaparecer completamente!
Isso, me fascina e me dá raiva por ver que todos os pássaros que cantavam livres, leves e soltos, agora se reúnem em uma única árvore atrás da janela de minha cozinha, fazem ninhos em qualquer lugar, - até no alto de uma churrasqueira – e nada aceitam de comida Uma pesquisadora do Inpa- Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, residente no Mundi Risort, colocou ninhos e comida para os periquitos, também coloquei comida para o sabiá que pousa em minha janela, mas nada comem. Será que estariam com raiva dos novos habitantes de seus espaços? Acho que sim, mas não tenho certeza.
Mas voltemos à conversa que estava tendo com o Sr. Roberto Valin sobre o tempo! O tempo não existe. Ah, o tempo, é só um detalhe nessa crônica porque é o que se faz com que tudo ocorra para o bem ou para o mal coletivo da comunidade. O tempo corre para o infinito e o infinito também não existe. Sempre haverá um novo dia depois outro, e isso é a isso que chamamos de tempo! Um tempo perdido, perdido, só se transformará em registros negativos na história, mas não consertará a omissão política e nem o desprezo explícito por quem nos governa. A pessoa não seria um governante se os eleitores não o tivessem votado, exatamente como ocorre em um condomínio quando elegemos um síndico!