Triste pobreza
Abre a janela. Vê toda aquela confusão. Vê tudo por trás de suas grades. Confortável em sua prisão. Viu tudo, mas não viu nada. Se faz de desentendida. Não ganha nada em testemunhar algo. Não ganha nada em compartilhar nada. Não se comove por ninguém. Vive em seu próprio mundo. Cama, cozinha, televisão. Se julga melhor que todos. Mesmo sem conhecer. Não conhece por que os julga. E seu ciclo pobre prevalece. Se exclui. Se fecha. Se confina. Um ano. Dez anos. Vinte e cinco anos. Pobre.
Precisa de ajuda. Não pede. Precisa de ajuda. Não pede. Precisa de ajuda. É ajudada. Não entende. É ajudada. E se deslumbra. Não entende o ser humano. Não entende como é tão pobre. Mas tem dinheiro. Paga. Não entende não aceitarem. Pobre. Não entende essas ações. Pobre. Se confina. Se fecha. Se tranca. Não quer entender. Cinquenta anos. Pobre. Morre. Se fecha. Se tranca. Não recebe ninguém. É enterrada. Pobre.