Melancolia...

Arrastar correntes é algo inteiramente aceitável. Têm dias que mais parecem noites de chuva, sucumbindo-nos com seu negrume frio e solitário. Dias assim, servem para descobrir quão bom é ser feliz, como perder tempo cansa e desmerece a benevolência de possuir um coração bombeando sangue por caminhos internos, respingando vida.

Mas, afinal qual vida você quer?

Temo quem tem a tendência suicida de se acostumar com a dor; mais que isso, de se apegar a dor. E quando o sofrimento parece dissipar, ganhando forma insignificante, bate aquele desespero, aquela loucura e incerteza se irá suportar a ausência da amiga constante: a sofreguidão!
Então, tranca-se envolto as estratégias de mortificação e maus-tratos, acompanhado por uma dose forte de música funesta e dolorosa para gerar lágrimas grossas e quentes, queimando o movimento pela esperança. Portanto, cuidado se for o seu caso!

De fato, podemos viver impetuosa felicidade. Conhecer do sucesso profissional. Usar roupas com etiquetas, ostentar o peso do luxo e elegância. Podemos frequentar espaços finíssimos, visitar lugares longínquos e encantadores, beber da melhor garrafa, comer a mais saborosa iguaria, falar diversas línguas... mas, sem amor nada seremos! Não é mesmo?

No entanto, o amor foge, escapa entre os dedos. O amor rejeita, assim como um corpo estranho em nossa pele! Talvez ele, o amor, estivesse chegado, contudo estavas ocupado com devaneios e lutos. Depois, como ser feliz a dois, a três, na multidão se não sabemos viver sozinho? Tenho razão?

Por fim, que tu estejas sóbrio... não se dope. Não ligue o som no volume alto para confundir os ruídos dos teus fantasmas. Encare-os de frente por mais medonhos que sejam. Eles se enfraquecerão frente a tua coragem e insistência por dias festivos.

(Março de 2010)

 

Imagem - Fonte: Google
Toni DeSouza
Enviado por Toni DeSouza em 17/08/2014
Reeditado em 16/01/2016
Código do texto: T4926202
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