UMA QUASE FÁBULA BRASILEIRA
O Brasil parece uma fábula que foi escrita, a menor parte ao norte, no hemisfério norte, a maior parte ao sul, no hemisfério sul. Seus capítulos são divididos ao norte pela linha do equador e ao sul pelo trópico de capricórnio. As composições literárias são inspiradas pelas atmosferas da caatinga, campos, cerrado, floresta, mangue, matas atlânticas, araucárias e de cocais e pantanal.
Nas fábulas os personagens são animais que apresentam características humanas, falam e tem costumes e hábitos comuns aos homens. Assim como em todos os gêneros dessa escrita, as histórias sempre terminam com algum ensinamento moral e educativo. Por isso que o Brasil só se parece com uma fábula, mas não é.
Os animais puros daqui, aqueles que vivem nos sonhos e dormem abraçados com nossos filhos não são as oncinhas pintadas, zebrinhas listradas e os coelhinhos peludos, esses vocês sabem para onde os Titãs mandaram; aqui quem manda são os ratos, as baratas e as pulgas, que ao contrário do manifesto escroto, vivem em mansões limpas, enquanto o cidadão civilizado vive no lixo.
Na fábula brasileira os bandidos dão as cartas e quando morrem são abençoados pela quadrilha que ainda os tornam santos e causam grande comoção entre os humildes. Ao fim, e ao contrário das fábulas de encantamento, a força da bondade é vencida pela fraqueza da astúcia e os preguiçosos erguem os cetros que caem das mãos sujas e ricas que nos governam, as mãos limpas e pobres levantam bandeiras convictas e precisam acreditar que o caráter é que deve conduzir a história do início ao fim, mas se o bonde já tiver passado, vamos correr e interceptá-lo, entrar na cabine e tomar conta da direção.
Ricardo Mezavila.