"ESCRITAS PÓSTUMAS E PRESENTES" Crônica de: Flávio Cavalcante
ESCRITAS PÓSTUMAS E PRESENTES
Crônica de:
Flávio Cavalcante
Quem já entrou numa biblioteca ou mesmo numa livraria? Aparentemente é um simples espaço que vende livro ou mesmo um lugar de pesquisa. Acho que ninguém nunca parou para imaginar com profundidade o ambiente ao redor. Pensamentos póstumos e ainda muito presentes, apesar de nos dias de hoje fazerem parte de uma memória bem distante presente também na memória do povo.
Entrei numa imensa livraria para comprar um livro e me deparei com uma torre de livros. Autores que eu nunca tinha ouvido falar o nome. Uns já falecidos e outros de muito sucesso, ainda. Tinha também excelentes autores ainda no anonimato; mas, o que me chamou a atenção foi aquele imenso acervo e por hora me peguei pensando sobre a energia contida ali naquele ambiente. Ninguém pára pra pensar quantos pensamentos fluíram para desenvolver cada obra daquela. Quantas noites mal dormida ou mesmo em claro que eles passaram para desenvolver cada capítulo de cada livro daquela exposição e quantas garrafas de cafés e cigarros não foram consumidas? Cada um pensamento com seus problemas, acertos e erros, sonhos. Uns sortudos, ganhando muito dinheiro com a arte de escrever e outros lutadores, buscando sempre seu lugar ao sol. Uns contando as estórias e outros até relatando a sua própria vida embutida em personagens de sua própria criação? Quantos ali não viveram um amor mal correspondido e se deleitaram em suas escritas pondo o fato como fonte de inspiração? Quantas musas de homens apaixonados não fazem parte das histórias em alguma parte das prateleiras daquela livraria?
Parece loucura de escritor, mas ao entrar naquele lugar fiz uma longa viagem e parecia estar vendo cada escritor daquele expondo suas ideias e muitas vozes inundando aquele ambiente.
Autores que se foram, mas através de médiuns continuam deixando suas obras marcadas por psicografias e também estão expostas ali para o deleite do público. Não sei o porquê, mas sempre que eu entro numa livraria tenho essa sensação de estar sendo vigiado por essa energia. Parece estar tão presente, mesmo não tendo nenhum deles para autografar o meu livro predileto.
Fico maravilhado com alguns donos de livrarias que arfam numa esperança sem fim, num país onde a maioria do seu povo não gosta de ler e permanecem ali, oferendo uma riqueza que se fosse num país de gente culta, certamente seria um lugar disputado como num supermercado, acredito até com hora marcada para uma boa leitura.
Fico triste também ao ver um tesouro desses menosprezado até por pessoas que deveriam por obrigação conservar com unhas e dentes. Tantas leis que protegem e defendem tanta coisa e porque não existe uma lei que proteja esse tesouro que a cada dia está arfando num caminho que se continuar nesse patamar a extinção será certa.
A maioria dos alunos da atualidade não conhecem os nossos escritores. Não sabem quem foi Machado de Assis, Rachel de Queiroz, Cecília Meireles. Não conhecem sequer Monteiro Lobato.
Eu não culpo a juventude da atualidade, mas a incompetência de alguns parlamentares que ficam lançando leis sem sentido como por exemplo, a parlamentar e atriz Mirian Rios, que lançou a lei, proibindo o povo fazer sexo anal, dentre outras que só representantes lerdos de um povo bastardo consegue levar à sério uma lei sem graça, enquanto isto, temos tantas coisas para melhorar e nossas bibliotecas estão fechando as portas por não terem públicos para apreciar o que há de melhor na literatura e o resultado está aí. Jovens e talvez futuros parlamentares que não conseguem enxergar dois palmos adiante ao nariz e não tem a mínima condição para representar um povo com projetos que elevem o nível de conhecimentos, fortalecendo e melhorando o país nos quatro cantos do mundo.
Lamentavelmente os nossos governantes só incentivam algum projeto se eles se beneficiarem de alguma maneira. Prova que eles também não sabem o que é cultura. Eu não compartilho desse pensamento retrógrado e mesquinho onde o nós venha na frente e o vosso reino é nada. Esquecem porém, que um país que preserva a cultura, é um país saudável, com menos misérias e com o teor de violência muito á baixo de uma meta em relação á outros lugares que não preservam a cultura. Um dia que esta situação mudar os escritores presentes e ausentes agradecem à cordialidade.
Flávio Cavalcante