O ópio do povo
Sempre ouvi de algumas pessoas que a religião era o ópio do povo, pois suas mensagens serviam para iludir ou fazer com que um certo grupo de pessoas ou a população como um todo se sentisse conformada ao saber que não poderia mudar as coisas e o seu destino. Pois estava escrito. Mas será mesmo a religião esse fator que causa essa conformação?
Felizmente consegui voltar a freqüentar estádios de futebol, após um período de jejum. E voltei a sentir como nós, as pessoas que vão assistir a uma partida, entramos por várias vezes em uma espécie de transe. Vejo pessoas que sempre se mostraram tranqüilas tornarem-se irritadiças, pessoas que pregam a paz tornam-se violentas, algumas chegando até a gritar mandando um jogador pegar o outro ou chegar junto de forma mais violenta. Às vezes sinto como se estivéssemos na Roma antiga nos grandes circos onde os cristãos eram sacrificados ou os gladiadores lutavam até a morte para o deleite do povo e seus governantes.
A primeira vista isto pode parecer engraçado, sem importância, ou falta de assunto para escrever. Mas não é. Pois fiquei alguns dias pensando sobre o que falaria e só após assistir ao jogo do Fluminense, meu time de coração, lembrei como sempre tive vontade de escrever sobre o fascínio, por vezes irracional, que o futebol causa naqueles que por ele são apaixonados.
Fico na arquibancada e sempre que lembro ou quando uma pausa no jogo me permite pratico um dos meus esportes preferidos: observar as pessoas sem que elas percebam que estão sendo observadas. Com isso noto situações interessantes. Vejo que quando as pessoas estão ligadas no jogo esquecem das suas diferenças de classe, cultural e sexual. Porque naqueles curtos ou longos noventa minutos, principalmente no momento em que nosso time faz um gol, nós esquecemos quem é a pessoa que está ao nosso lado e, literalmente, partimos para o abraço. Sem nos importar se quem abraçamos é homem ou mulher, feio ou bonito, gordo ou magro, negro ou branco. Naquele momento mágico esquecemos dos nossos próprios registros pessoais de classe ou de modos. Na hora do gol, a favor é claro, esquecemos de que não gostamos do nosso trabalho, de que ganhamos mal, do nosso chefe que é uma mala sem alça e até do cônjuge que está nos traindo. Nesse momento o mundo fica maravilhoso e nos sentimos no paraíso. Os ricos tornam-se simples e os pobres transformam-se em verdadeiras Cinderelas, pois terão poucas horas de baile para divertirem-se.
Mas passados os noventa minutos, como num passe de mágica ou como se o efeito da droga passasse, voltamos a ser e agir como sempre fomos. Voltam os nossos preconceitos e manias. Para os companheiros com mais posses financeiras voltam os medos de se envolver ou ficar perto dos mais pobres; e para os mais desprovidos de recursos financeiros a carruagem volta a ser a abóbora que sempre foi. O mundo volta ao seu normal. O baile acabou e cada um segue o seu rumo.
Não quero com isso pregar que esse é o certo e aquele é o errado, porque cada um de nós sabe o que faz da sua vida. Mas vou terminar esse texto fazendo essa pergunta, não só a vocês, mas também a mim: Quem nós podemos apontar como sendo o verdadeiro ópio do povo, a religião ou o futebol?
Sempre ouvi de algumas pessoas que a religião era o ópio do povo, pois suas mensagens serviam para iludir ou fazer com que um certo grupo de pessoas ou a população como um todo se sentisse conformada ao saber que não poderia mudar as coisas e o seu destino. Pois estava escrito. Mas será mesmo a religião esse fator que causa essa conformação?
Felizmente consegui voltar a freqüentar estádios de futebol, após um período de jejum. E voltei a sentir como nós, as pessoas que vão assistir a uma partida, entramos por várias vezes em uma espécie de transe. Vejo pessoas que sempre se mostraram tranqüilas tornarem-se irritadiças, pessoas que pregam a paz tornam-se violentas, algumas chegando até a gritar mandando um jogador pegar o outro ou chegar junto de forma mais violenta. Às vezes sinto como se estivéssemos na Roma antiga nos grandes circos onde os cristãos eram sacrificados ou os gladiadores lutavam até a morte para o deleite do povo e seus governantes.
A primeira vista isto pode parecer engraçado, sem importância, ou falta de assunto para escrever. Mas não é. Pois fiquei alguns dias pensando sobre o que falaria e só após assistir ao jogo do Fluminense, meu time de coração, lembrei como sempre tive vontade de escrever sobre o fascínio, por vezes irracional, que o futebol causa naqueles que por ele são apaixonados.
Fico na arquibancada e sempre que lembro ou quando uma pausa no jogo me permite pratico um dos meus esportes preferidos: observar as pessoas sem que elas percebam que estão sendo observadas. Com isso noto situações interessantes. Vejo que quando as pessoas estão ligadas no jogo esquecem das suas diferenças de classe, cultural e sexual. Porque naqueles curtos ou longos noventa minutos, principalmente no momento em que nosso time faz um gol, nós esquecemos quem é a pessoa que está ao nosso lado e, literalmente, partimos para o abraço. Sem nos importar se quem abraçamos é homem ou mulher, feio ou bonito, gordo ou magro, negro ou branco. Naquele momento mágico esquecemos dos nossos próprios registros pessoais de classe ou de modos. Na hora do gol, a favor é claro, esquecemos de que não gostamos do nosso trabalho, de que ganhamos mal, do nosso chefe que é uma mala sem alça e até do cônjuge que está nos traindo. Nesse momento o mundo fica maravilhoso e nos sentimos no paraíso. Os ricos tornam-se simples e os pobres transformam-se em verdadeiras Cinderelas, pois terão poucas horas de baile para divertirem-se.
Mas passados os noventa minutos, como num passe de mágica ou como se o efeito da droga passasse, voltamos a ser e agir como sempre fomos. Voltam os nossos preconceitos e manias. Para os companheiros com mais posses financeiras voltam os medos de se envolver ou ficar perto dos mais pobres; e para os mais desprovidos de recursos financeiros a carruagem volta a ser a abóbora que sempre foi. O mundo volta ao seu normal. O baile acabou e cada um segue o seu rumo.
Não quero com isso pregar que esse é o certo e aquele é o errado, porque cada um de nós sabe o que faz da sua vida. Mas vou terminar esse texto fazendo essa pergunta, não só a vocês, mas também a mim: Quem nós podemos apontar como sendo o verdadeiro ópio do povo, a religião ou o futebol?