Sobre o livro "PENSAMENTO REALISTA"
Acabo de lançar meu segundo livro de crônicas e reflexões, Pensamento Realista, com cerca de cem textos falando sobre a vida e o mundo, sobre sentimentos e fatos do cotidiano. Quem tiver interesse em adquirir, pode entrar em contato comigo pelo e-mail paulopereiracosta@uol.com.br.
Seguem trechos de alguns textos para dar uma ideia do conteúdo.
"Por que “Pensamento Realista”? Os temas postos em reflexão referem-se ao cotidiano, às situações comuns da vida. Não se trata de um manual com dicas infalíveis para vencer males físicos e psíquicos, nem para afastar dúvidas existenciais que afligem o ser humano. Gosto de pensar a vida e o mundo com base na realidade. As reflexões, mesmo nas crônicas mais leves, baseiam-se na vida real e não numa vida sonhada. Há mais crueza do que lirismo no conjunto da obra, embora o objetivo seja tentar mostrar que é possível viver melhor, mesmo que a vida não seja fácil, mesmo que em muitos pontos seja diferente de como a gente gostaria que fosse. Devemos nos situar neste mundo em que estamos e enfrentar os problemas próprios dele com empenho e lucidez, de forma que vencermos os problemas ou sermos vencidos por eles seja mero reflexo da nossa luta e da maior ou menor força das circunstâncias alheias à nossa vontade". (trechinho do texto de introdução).
"Já curti fossa, já fui motivo de troça. Já curei ferida no coração, já fiquei pê da vida sem explicação, já fiz grosseria, já peguei rabeira em carroceria de caminhão. Já pisei na bola, já dei mancada, já bombei na escola, já me fiz de louco, já briguei por muito pouco, já vi revista de mulher pelada, já mordi em goiaba bichada, já gamei pela garota errada, já vaguei feito alma penada. Já fiquei sem dinheiro nem para bala, já tentei falar e perdi a fala. Já passei pelos extremos de ora ser desejado e ora rejeitado. Já levei fora, já fui ‘convidado’ a ir embora. Já me feri no rosto, já fui posto de lado, já quis sentir o gosto do pecado, já andei de lá para cá, já dei branco, já travei na hora agá. Já perdi o sono, já quis ser dono da verdade e descobri que a verdade não tem dono. Já fui sonâmbulo, já confundi quadrado com retângulo, já parei a leitura de certos livros ainda no preâmbulo. Já fui imprevisível, já quis ficar invisível depois de alguma insensatez, já fui a bola da vez. Paquerei vitrines de lojas, já dormi no cinema, já fugi de problema em vez de enfrentar, já me vi no dilema de ir ou ficar, já fiquei sem saber se era para rir ou chorar, já confiei quando era para duvidar, já cabulei aula para namorar, já tive sorte, já dei azar. Sonhei com tudo que um adolescente pode sonhar." (da crônica Minha Infância e Adolescência).
"Eu não gosto de ficar parado em esquina, não me escondo atrás de cortina, não acredito em nada fácil demais, não creio em negócio da china. Eu não faço mágica, não ando com capanga, não sou bom em matemática, não trago nenhuma carta na manga. Eu não digo que só tenho amigos. Inimigos, só não os tem quem a tudo diz amém. Eu não sou de cantar de galo, não gosto de pisar no calo de ninguém, não sei domar cavalo e, quando falo sem pensar, não me dou nada bem. Eu não sou perfeito; vivo pisando na bola e para muita coisa não levo nenhum jeito. Quando estou errado não sei justificar, fico vermelho, perco o rebolado. Se estou certo, não me importo de ser uma voz solitária clamando no deserto. Eu não gasto mais do que ganho, não gosto de desperdiçar, nem de me demorar no banho. Em certas situações vou no rumo contrário ao do rebanho. Para algumas coisas sou meio chato, não sou de lero-lero, não tolero oportunismo barato. Sou de índole pacata, mas se não tiver jeito vou pra briga, não tenho sangue de barata. Eu não sou levado pelo vento, como barco a vela; tenho vontade própria e através dela me movimento. Vejo fotos antigas minhas e quase não me reconheço. O tempo passa e eu envelheço, mas não tem milagre: estou menos para vinho do que para vinagre." (da crônica "Eu não...")
"Dizem que só se pode entrar numa floresta até o meio, pois depois está saindo. Depende: se a saída consiste em voltar para o mesmo ponto de entrada, porque o mais que circunda a floresta é desconhecido, então o avanço além da metade significa maior dificuldade no retorno. Saber o limite requer percepção, capacidade de separar o virtual do real. Na luta pelos objetivos é comum deter-se perante obstáculos comuns da vida por não os distinguir de falsos limites. O que às vezes parece o ponto final nada mais é do que uma barreira que com persistência se pode transpor e seguir adiante. A dificuldade de aprender não pode ser motivo para desistir e permanecer na esfera da ignorância. Em muitos casos, o limite real está muito além do que se imagina. Parece que a superfície terrestre se encontra com o céu logo ali adiante; fica a impressão de que é possível chegar lá. Porém, por mais que se avance, a distância que separa daquele ponto permanece a mesma, o que mostra que o campo de movimento é muito maior do que se supõe. O raio de ação é delimitado pelo raio de visão. Às vezes diminuímos nosso raio de ação por insistir em olhar para baixo e reduzir drasticamente nosso horizonte. Se a visão de mundo é reduzida, também o é o campo de ação. É necessário romper as fronteiras quando elas são apenas fruto da imaginação. Por isso, é bom pensar bem antes de “jogar a toalha”. Outras vezes o limite está bem aquém, e então erramos por ignorá-lo; isso é comum na alimentação. No mundo dos extremos residem os erros. Está enganado tanto quem pensa que nada pode quanto quem acha que pode tudo." (do texto "Limites")
"O ser humano é livre para realizar, amar, ser feliz. Muita gente, todavia, não se solta, não ama, não é feliz. Por quê? Medo. O maior obstáculo entre a pessoa e o seu objetivo é o medo do oposto do que ela deseja. A grande barreira à felicidade é o medo de ser infeliz. Joga-se fora a possibilidade de ser feliz quando, com medo de ser infeliz, se deixa de fazer o que é preciso para alcançar a felicidade. Teme-se procurar o ‘sim’ e encontrar o ‘não’, atirar-se para a vida e cair no lugar errado, amar e não ser amado. Em muitos casos, o oposto mora ao lado. Mas viver é correr riscos. Quem não arrisca..." (do texto "O medo da liberdade").