Saudade do Ubaldo
Aperta-me a saudade lembrar dos domingos que terei pela frente sem a leitura dos textos do João Ubaldo. Há sempre uma amizade muito bem construída do leitor com seu colunista habitual. Acontece o mesmo do leitor com o escritor de livros, com os poetas, os músicos e diversos outros artistas. Há pouco perdi Daniel Pizza, falava ele de cultura como gostava de ouvir. Sim, ouvir, pois quando leio ouço a voz de quem escreve. A voz que conheço e outras que invento me dizendo suas palavras escritas. Escuto tudo que me dizem atentamente, como se estivéssemos em uma conversa ou como plateia de cinema ou teatro fosse. Aí mora o prazer da minha leitura: ler ouvindo, imaginando, viajando, criando os ambientes, bons até pra depois relembrar. Restam-me seus livros e por eles compreendo a imortalidade. Escrevi muita poesia falando sobre saudade e a solidão embarcada na saudade, sobre a sua dor que me golpeia. Em uma delas disse:
Ponta da
saudade…pontada.
A dor mede-se
em linha reta.
Em palmos,
sete,
debaixo da alma.
Recorro às palavras para externar meus sentimentos, mas nunca é algo fácil. Por diversas vezes perco o fôlego necessário e sempre por causa da saudade.
Muito triste me encontro por não poder contar com meu amigo e ler/ouvir suas palavras na sua coluna dominical.