BURGUESIA

O que você acha da burguesia? Pergunto isso porque nunca vi uma classe ser tão apedrejada como agora, mormente pelos adeptos do petismo. O problema é que muita gente fala mal da burguesia sem saber que faz parte dela. Na sua música "Burguesia", Cazuza escreveu: "A burguesia fede/ A burguesia quer ficar rica/ Enquanto houver burguesia/ Não haverá poesia". Mas, afinal, quem ou o que é a burguesia? Conquanto criado na Idade Média, para referir-se aos habitantes dos burgos, o termo burguesia hoje designa a classe média (vide dicionários Aulete, Michaelis e Houaiss). A professora de filosofia petista Marilena Chauí disse que odeia a classe média, a qual, para ela, é o atraso de vida, é a estupidez, é o que tem de reacionário, conservador, ignorante, petulante, arrogante, terrorista, é uma abominação política porque é fascista, é uma abominação ética porque é violenta, é uma abominação cognitiva porque é ignorante. Palavras dela. Portanto, se você é pequeno ou médio empresário, profissional liberal, autônomo ou qualquer trabalhador não braçal com razoável situação financeira obtida devido ao próprio esforço, considere-se odiado pela digníssima professora da USP.

A burguesia é formada por pessoas que já nasceram burguesas? Vocês, que andam em bons carros, que têm casa própria, que pagam escolas particulares para os seus filhos, vocês não precisaram fazer nada para chegar a essa condição? Não precisaram trabalhar? Nem estudar? Como se pode jogar pedra na burguesia? As pequenas e médias empresas são responsáveis por mais de setenta por cento dos empregos no país. Tem lógica falar mal de um comerciante ou industrial que investe e corre riscos? É o cúmulo do absurdo criticar quem faz esforço e sacrifício para melhorar de vida, para deixar de ser um peso para a sociedade e ainda gerar emprego e renda. A julgar pela ótica petista, quem nasce pobre tem de resignar-se, não pode ter nenhuma ambição, nenhum desejo de sair da pobreza. Pelo que sei, a esmagadora maioria da classe média ascendeu através do trabalho e do estudo, apesar de todas as dificuldades impostas pela máquina estatal. O profissional liberal e o empresário sabem como é oneroso ter e manter uma empresa, um empregado. Segundo dados do SEBRAE-SP, 25% das empresas fecham no primeiro ano de atividade e mais de 50% não completam 5 anos de vida. Os sucessivos governos teimam em punir a classe média com excesso de tributos e encargos, formalismo e burocracia. A carga tributária só cresce (avançou de 30,03% em 2000 para 36,27 do PIB em 2012). Quando presidente, Fernando H. Cardoso quis instituir alíquota de 35% para o imposto de renda. Felizmente, num daqueles momentos que faz o que deve, o Congresso Nacional rejeitou o projeto. Então FHC implantou a de 27,5%, que deveria ser provisória, mas virou definitiva. Além disso, criou a CPMF. No estado de São Paulo, quem quer usar as rodovias tem de pagar tarifas abusivas de pedágio. O Brasil é um dos países com o custo de vida mais alto no mundo. Vejam o preço de um automóvel aqui e o do mesmo automóvel em outros países. O preço de combustíveis é indecentemente alto, embora o atual governo federal se gabe de ter levado o país à autossuficiência.

Ironicamente, os bancos e financeiras, tão atacados pelos petistas quando estavam na oposição, nunca lucraram tanto como agora que os mesmos petistas estão no poder. O próprio governo federal incentiva o endividamento com propaganda de crédito consignado. Tem meio mundo com a corda no pescoço por conta disso. Eu não falo mal da burguesia. Não cuspo no prato em que comi. Quando precisei trabalhar, mal entrado na adolescência, foi um burguês que me deu emprego, um burguês dono de padaria, que trabalhava de 14 a 15 horas por dia. E me tratava como filho. O dia em que a burguesia resolver deixar de ser burguesia, não vai haver dinheiro para programas sociais. É ela que paga os impostos extorsivos, é a galinha dos ovos de ouro. É necessário reduzir tributos e encargos, desburocratizar. Isso sim resulta em mais empreendimentos, mais empregos, mais produção, mais consumo, permite que mais gente tenha poder de compra e acesso à tecnologia. O que o Brasil precisa é de gente honesta no poder. Gente decente, que queira unir o povo ao invés de jogar uns contra os outros.