O político morreu

Era de esquerda? Era de direita?

Quais eram as ideias que defendia?

Com quem fazia as suas alianças?

Em quais pontos discordamos?

Lembramos de suas contradições?

Puxai a ficha, para que saibamos

até que ponto devemos lamentar.

Ele por acaso tinha algum inimigo?

Há alguém em quem colocar a culpa?

Existem circunstâncias mal explicadas?

Quais teorias conseguimos levantar?

Quantas pessoas podemos envolver?

Levantai todas essas informações

para que essa morte não seja vã.

.

Iremos mandar uma coroa de flores?

Faremos um pronunciamento oficial?

Trocaremos nossa foto no Facebook?

A quem permitiremos que lamente?

Quais discursos julgaremos falsos?

Vigiai, para evitar que alguém consiga

tirar um proveito maior que o nosso .

Preferíamos que fosse outro a morrer?

Queríamos que fosse de outro partido?

O que faremos para que todos riam?

Quantas piadas conseguimos suscitar?

Quantos likes somos capazes de atrair?

Relaxai, pois aquela dor está longe

e da nossa ninguém se compadece.

O que acontecerá a partir de agora?

Quem será indicado para o seu lugar?

Como isso afetará o cenário político?

Quais serão as novas estratégias?

Isso nos beneficia ou nos prejudica?

Considerai que não estamos mortos

e que a política é a própria eternidade.

Henrique Fendrich
Enviado por Henrique Fendrich em 14/08/2014
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