Só lecionei em escolas da periferia de Aracaju, onde a violência imperava (dentro e fora da escola), e consequentemente, corríamos a todo instante, o risco de morrermos.  Portanto, nossa rotina na escola, infelizmente, não foi nada pacífica: Já desapartei alunos armados com peixeira, revólver e ácido muriático; vi aluno tirar sangue de outro em plena sala de aula, cuja reação imediata foi, ficar entre eles para que não acontecesse o pior; enfrentei um vigilante com um facão na mão, querendo matar aluno; tive a coragem de colocar traficante para correr; vi um aluno levantar uma cadeira para o alto, na intenção de jogá-la na cabeça de um colega, o que não aconteceu porque eu, nesse momento, corri e fiquei entre eles.  Depois, só fiz chorar de tristeza, por ter presenciado um ato tão violento praticado por um adolescente. Pensei: como seria  o mundo, futuramente?


    Eu sempre falo aos familiares e amigos, que, não devo nada a Deus! Durante os quase 27 anos de trabalho como professora, na rede pública estadual, paguei todos os meus pecados! E,  para completar, não pude afastar-me da sala de aula ao completar o tempo de serviço, previsto no Estatuto do Magistério, porque não tinha 50 anos de idade. Resultado: trabalhei mais um ano!



    Quando consegui a minha aposentadoria, já estava com a saúde e os nervos abalados! E fiquei mais doente ainda, quando o governo começou a atrasar e a parcelar o salário dos aposentados, e a retirar direitos que adquirimos ao longo dessa jornada tão sofrida! Pode, gente?
 
ALAÍDE SOUZA COSTA
Enviado por ALAÍDE SOUZA COSTA em 13/08/2014
Reeditado em 01/05/2021
Código do texto: T4921479
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