Grau de preciosidade
É engraçado que para muitas pessoas o grau de preciosidade de alguma coisa é unicamente medido pela soma de sua baixa disponibilidade e acessibilidade. Hoje ninguém dá valor quando, por exemplo, paramos para ouvir em silêncio algum desabafo. Ou quando simplesmente olhamos para o outro sem nada dizer e sorrimos com os olhos. Ou quando emprestamos nosso tato para fazer um carinho espontâneo mesmo sabendo que este não será devolvido. Passamos batidos nos critérios observação e agradecimento. Não reconhecemos o esforço de um amigo que se desloca só para ouvir nossa voz e nos abraçar, mesmo que esse encontro dure alguns segundos. Não percebemos o prazer que fica estampado na face de alguém quando não economizamos nas gentilezas que deveriam ser tão inerentes as nossas vontades. Quando aparece alguém sorrindo ou cantando do nada, pela rua, todos dizem que é um doido. Não estamos mais acostumados a prestar atenção nas coisas comuns. É tudo tão estranho, não prestamos atenção na felicidade de ninguém, estamos muito ocupados em buscar nossa própria felicidade, nem que isso custe passar batido sobre o que está acontecendo ao nosso redor. Costumamos dar valor a coisas que não temos, só porque não a temos. Depois que conseguimos o impacto é o quanto este produto pode agregar a um fim específico, o que o torna muito valioso na proporção direta do quanto ele agrega: nada.