DUAS MANHÃS

Amanheceu. É o iniciozinho de uma linda manhã e sinto uma brisa suave que toca as flores do meu jardim e faz balançar o mensageiro do vento dependurado na varanda da minha casa. Esse cenário dá-me uma sensação de leveza, suavidade, alegria, segurança e esperança na felicidade real; aquela mesma que li nos livros de Kardec, André Luiz, Emmanuel...; aquela a que estamos indo ao encontro, com nossos passos vacilantes, mas incessantes.

Do outro lado do planeta, nesta mesma esfera, no entanto, um frio gélido acorda, com espanto, crianças sem cobertor, sem comida, sem teto, sem mãe, sem esperança... Só a poeira dos entulhos, o céu cinzento e barulhento lhes faz triste companhia. Um cenário mórbido que irá compor todo o resto do seu dia, ironia real de um paradoxo de duas manhãs, a delas e a minha.

É então que vejo nesse reflexo da intolerância, da ganância a infância moral da humanidade. No mesmo chão por onde os pés do Cristo, nosso guia e modelo, pisaram, vê-se hoje um pesadelo sem intervalo, e abre as chagas de uma Terra ainda com tantas desigualdades.

Se a nossa idade moral ainda é pequena. Cresçamos em atitudes e a cada dia mudemos a cena. Demo-nos as mãos com nossos vacilos ainda, mas também com a nossa fé. E pé ante pé, ajudemo-nos cada um com o que pode e a seu turno, no lugar onde mora e para além do seu próprio muro, transformando, aos poucos, toda a fuligem pesada e densa que por sobre nós ainda gravita em uma brisa doce, suave e leve que levita e toca nossa pele, como a linda manhã que um dia acordará a Terra inteira.

Érica Cinara Santos
Enviado por Érica Cinara Santos em 12/08/2014
Reeditado em 23/10/2015
Código do texto: T4920258
Classificação de conteúdo: seguro