O gramofone e o Chico caindo lá das nuvens
O gramofone, esse eu não conheci pessoalmente, não senhor. Até vi depois, coitado, num museu. Ele era bonitão, com aquela concha charmosa e tudo mais. A vitrola, essa sim, foi uma grande amiga minha. Tive mais de uma. Uma azul escura, com uma faixa branca, foi a de quem mais gostei. Foi nela que eu ouvi o Sgt. Peppers dos Beatles pela primeira vez. E isso, garanto, não é coisa de se esquecer. Além disso era um LP, isso mesmo Long Play, para quem não teve o prazer. Um montão de músicas, todas num mesmo lugar. Dá para acreditar? Isso mesmo, antes os discos de vinil, continham uma só canção, os tais de compactos simples. Depois houve os compactos duplos. Uma loucura, uma sofisticação. Depois tudo começou a ir mais rápido. Veio a tal de fita cassete, acho que não tinha saúde muito forte, logo partiu. Os cds, muito teimosos, dizem que estão por aí até hoje. Mas esse povo moderno não liga muito para eles não. Levam música de um lado para outro num tal de flash. E eu que pensava, antigamente, que ele era apenas um super-herói. Mas a novidade mesmo, você não vai acreditar. Dizem que agora eles guardam as canções nas nuvens. Os entendidos falam que é a "cloud'. Eu já andei de avião e nunca vi nem o Chico, nem o Caetano, lá em cima, não. Talvez porque eles sejam do meu tempo? Até que seria interessante ver o Pink Floyd pairando numas altocumulos lá no alto. O pessoal do Abba, cantando gostoso numa nuvem cirrus? Nossa! Eu ia “viajar”...
Só não entendo por que nãos as deixam, as canções, é claro, por aqui mesmo no ar, pertinho da gente? Quando a gente quiser ouvir, é só pegar. Além disso, lá em cima, é perigoso. Não quero ver meus ídolos despencando acidentalmente, sem paraquedas, lá do alto.
Mas eu sei por que eles não deixam nossas canções aqui, ao alcance da mão. Só pode ser por causa dos direitos autorais.
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À procura de Lucas (Flávio Cruz)
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