ASSIM É SE LHE PARECE.

“Assim é se lhe parece” é peça bastante conhecida, de Pirandello, escritor da Itália que viveu no início do século passado seu reconhecimento. Sua peça desenvolve um falso, definido por muitos como farsa filosófica. É assim a famosa “Cosí è se vi pare” que foi sucesso no Brasil.

O enredo aborda o real e o imaginário, a ficção e a realidade. Esse enfrentamento da verdade motiva Pirandello na interpretação do que não é e supõe-se ser.Quantos vivem assim....

Trago ao momento essa peça conhecida por ver um tanto ocorrente na internet essa “realidade” de forma diversa. Sinto e vejo, de forma inequívoca, pelo menos para mim - e checo e constato o que digo, faço a prova dos nove com meus recursos - a incorporação por pessoas, em razão do trânsito multiplicado por meio da comunicação, de vestirem de forma infantil o “assim é se lhe parece”. É como o jargão que dita “vestir a carapuça”, e fica muito engraçado. É cômica a postura. Há uma infantilidade visível, clara e tão flagrante que assusta a assunção de uma realidade que não existe.

Projetam realidades ficcionais. Vivem dramas, paixões, afrontas, indiferenças, e um oceano de inexistência. Quem quer que exista o inexistente. E vivem de forma significativa esse engodo.

Mostram por condutas silenciosas ou verberantes. Queriam essas pessoas que fosse verdade o que elas queriam que fosse, em variadas hipóteses. E hipótese é aquilo que não é, que seria se fosse, em lógica vulgar.

Assim creio, verifico, testo essas posturas. Por vezes a conduta, clara nos textos para íntimos dos meios probatórios, inferida pela temporalidade e circunstâncias, é tão presente que sai do compreensível ao surpreendente. Nem mesmo o cuidado de parábolas ou metáforas se usa, ou verter suposições nas entrelinhas. Captam o que é ficção como uma realidade que queriam como realidade. São sonhos irrealizáveis, “assim é se lhe parece”.

Internet, um vasto laboratório de almas.