GÊNIO DESCONHECIDO
GÊNIO DESCONHECIDO
"Som da terra / euroafroíndia /
onde eu nasci!"
RICARDÃO (?!) -- 1973/74, RJ
(microletra, sintética, com o refrão
monocórdio "la lauê, lauê, lauê, lalá)
"Sei, Senhor, que não quero favor! /
Vou vencer, sei que vou... / leve o
tempo que fôr!" -- "NATO" AZEVEDO
(versão livre de rock da Banda JANE)
http://youtu.be/WcsuS9uyPbw
Por maior conhecedor de Música internacional que alguém possa ser, quem ainda não ouviu VAN MORRISON não sabe o que está perdendo... nem pode se vangloriar de entender TUDO de música mundial. Van Morrison inscreve-se na estreita categoria das vozes extraordinárias, diferentes, especiais, como as de Janis Joplin e Joan Baez, Joe Cocker ou Aretha Franklin, as interpretações de bluesman como John Lee Hooker ou Muddy Waters, de "bandleaders" como John Fogerty e Gregg Allmann ou músicas inesquecíveis como "Mother" -- na apresentação de Barbra Streisand -- e "Tuppelo Honey", com Van Morrison.
O "mico" que vivi, por volta de 1973/74, no apartamento "de lado" pro mar do Leblon, está indelével em minha memória. Tendo saído de mais um emprego, juntei o salário muito mínimo e "os trocados" do FGTS e fui comprar um som do último tipo -- "up to date", no jargão técnico das revistas especializadas -- nada de "3 em 1" da época, coisa de pobre ou de quem entendia pouco de som, de Audioeletrônica. Os "cobras" no assunto adquiriam peças separadas, por vezes de marcas diferentes... "pick-up" (depois "prato", adiante "toca-disco"), tunner ou receiver (rádio já com o amplificador), o "power" e as caixas acústicas.
(Abro um parêntesis: quando cheguei ao Pará em 1983, os amplificadores eram chamados -- no interior, pelo menos -- de "fôrça" e, atualmente, viraram "potências", 2 traduções literais para o têrmo POWER, provavelmente por influência dos desenhos animados, via TV. Fecho o parêntesis!)
Voltando à casa da simpática senhora americana, magra e alta, hoje com uns 75 anos... meu dinheiro ridículo não comprava NADA, exceto discos. Ela "me empurrou" obras absolutamente desconhecidas por mim, embora já fosse ouvinte assíduo do programa da Rádio Jornal do Brasil "MÚSICA CONTEMPORÂNEA" -- roteiro de um certo Carlos Alberto de Carvalho -- que apresentava tudo o que soasse com um leve toque de ROCK. Por influência de amigos conheci adiante uma Rádio roqueira, de Niterói, e aí... "a Vida era uma festa"!
Saí do apartamento meio cabisbaixo, sem nenhuma certeza de que aqueles discos prestavam. No barraco de 6 x 3 metros, com o teto "raspando" nossas cabeças, a agradável surpresa: de John Denver a Glen Campbell, de Bob Dylan a Neil Young, de Jesse Colin Young a Van Morrison, entre outros discos mais, obras maravilhosas, músicas extremamente lindas. O LP "Together", de Jesse Colin se tornou meu álbum predileto, o que já ouvi mais de 200 vezes... e não me canso de admirar. Mas o "álbum azul" de Van Morrison ("Saint Dominic's Preview" era o título dele) me soava estranho, indefinível... certamente não era blues, country music, nem tampouco jazz. Havia nas melodias uns tons irlandeses, holandeses, talvez celtas, talvez normandos. E isso importa?! O fato é que, tempos depois, eu já admirava demais o estilo inimitável e inconfundível de Van Morrison, do qual só recentemente adquiri o magistral LP "Astral Weeks", de 1968, obra imprescindível em qualquer discoteca antenada com o melhor do Rock. É claro que Rory Gallagher continua sendo, para mim, o MÁXIMO... mas esses 2 "stars" têm espaço nobre em meu coração.
Tive um "disquinho" compacto, 2 músicas somente, uma delas 'VIRGO CLOWN"... poucas vezes na vida ouvi algo tão impressionante quanto "Virgo Clown", o "Palhaço da Virgem" suponho, em tradução literal. Por uma idéia infeliz, meu irmão resolveu emprestar para um amigo 34 compactos, entre êles "Me and Bob McGee" da Janis Joplin e esse, espetacular, de Van Morrison. "Quem empresta, NÃO PRESTA!", reza um ditado popular. Ano e meio depois "voltaram" menos de 20 compactos... o resto "sumiu"! Com a morte recente do rapaz "morreram" também minhas esperanças de voltar a ouvir "Virgo Clown". Na Rádio UOL tem 30 ou 40 músicas de Van Morrison... mas, "Virgo Clown" não está entre elas, afinal o Destino nunca foi muito gentil comigo !
Assim sendo, apenas com pequenos trechos da melodia original no cérebro (e no coração) ousei fazer 1 versão livre da música que tanto adoro. Só não esperava encontrar em meu arquivo mais "2 pedaços" (meio antigos) sobre a mesma obra... infelizmente, não posso afirmar se tais letras se encaixam perfeitamente na melodia original. São elas:
1 - VIRGO CLOWN (10/jan. 2014)
I
Quanto mais pesado
o fardo da aventura,
mais forças preciso
tirar das amarguras,
porque a vida sem sonhos
não tem a menor graça...
porque eu sei que sou
o palhaço da Raça,
o arauto das desgraças,
o doutor da Esperança,
o ser que alcança
a compreensão de tudo.
I I
Vejam o Sol...
sou o Sol que ilumina,
sou raio da Luz divina.
Sou o profeta do Tempo,
sou sacerdote no templo,
sou médico e sou juiz.
Sou arauto das quimeras,
sou o divisor das Eras,
sou o Artista que quiz...
eu só não sei ser feliz !
"NATO" AZEVEDO
**********************
2 -- VIRGO CLOWN (27/05/2014)
I (refrão)
Deixe-me tentar sozinho...
deixe-me errar sozinho !
Meu amor...
só não quero ser mais 1 !
I I
Desde os primeiros dias
cada um segue um caminho,
com alegrias e espinhos,
palhaços de um velho Circo.
Sei que erro, mas não desisto,
o meu dia há de chegar.
Deixe-me tentar sozinho
a vitória alcançar.
I I I
E, apesar das tristezas,
é preciso ter certeza
de um dia chegar lá.
Tente com toda esperança,
sejas velho ou criança,
você irá se realizar.
I V
Lá vem o Sol,
eterna promessa,
exemplo a se imitar.
Serei como o Sol,
surgindo das trevas
para tudo iluminar.
V (* 28/maio 2014)
Os sonhos que tenho em casa
não são os sonhos do Mundo.
Tenho um desejo profundo
de liberdade e de paz.
Não desistirei jamais
de buscar o meu futuro.
Vou trilhando, no escuro,
ou seguindo os demais.
Deixe-me sonhar sozinho...
deixe-me andar sozinho !
"NATO" AZEVEDO
VAN MORRISON continua sendo "um Gênio desconhecido"... pelo menos no Brasil! Não tenho pretensões a ser gênio de coisa alguma, mas tenho certeza que algumas das minhas músicas (no YouTube) FARÃO SUCESSO, leve o tempo que fôr. Apenas não sei se estarei vivo para assistir / apreciar esse momento, quando êle vier!
Na medida do possível tenho tentado ficar "menos desconhecido", divulgando minhas "apresentações" no YOUTUBE para "popstars" de outros países e também para músicos aqui do Brasil, Bandas rockeiras, artistas sertanejos, folclóricos, para sambistas, bluesmen e até... rappers, ou coisa parecida. Um dia surgirá uma "mão amiga" que, ao gravar algo meu, me tornará conhecido.
O Mundo virtual é curioso e imprevisível... uma bobagem qualquer (taca-lhe o pau, mano!") "explode" de um dia para o outro, já trabalhos de qualidade E CRIATIVIDADE correm o risco de jamais serem conhecidos. Minhas versões (FREE VERSIONS) de HITS famosos de Bandas de rock internacionais (dos anos 70) são muito boas, sem falsa modéstia. A versão do megahit "Simpathy for the Devil" (1969) dos ROLLING STONES está entre as melhores, embora a do tradicional "Amazing Grace" também seja interessante. Só preciso que alguém as "descubra" e as GRAVE... o resto caberá ao Destino !
"É por isso que te digo: / ninguém sabe tudo o que eu sei... / não viveu o que eu vivi, / nunca andou por onde andei!" (Este é o REFRÃO da versão livre de "Simpathy for the Devil".)
http://youtu.be/9uOZ79vwJ_A
Entretanto, nem sempre os Autores originais gostam da "interpretação" pessoal que faço de suas obras. As assessorias de Bob Dylan e de J.J.Cale reprovaram minha audácia, o pessoal do Creedence e do Status Quo também "torceu o nariz". O fato é que, NO EXTERIOR, poucos artistas admitem VERSÕES para suas músicas, entendem essa "liberdade" como... PLÁGIO. No Brasil o modo de pensar é inverso: ter a melodia de sua obra "aproveitada" por outro Autor para uma NOVA LETRA é sinal definitivo de SUCESSO da música, aprovação concreta das qualidades dela.
A vida de um músico modesto -- artista amador sem maiores pretensões que as de TOCAR e mostrar suas obras -- não é nada fácil. A "vaquinha virtual", a coleta de verba de apoio via Internet, a partir de grupos de pessoas em vários locais do Mundo (o "crowdfunding"), teve suas Regras "importadas" dos Estados Unidos sem nenhum retoque... mas, nem sempre o que é bom para os "States", é bom para o Brasil. O que mais encarece o projeto são as "prendas", os prêmios, as recompensas. Além disso, É POSSÍVEL se realizar o projeto com 85% da verba TOTAL pretendida. No entanto, vi projetos RECUSADOS tendo arrecadado 93% da quantia almejada.
Amigos, FAZER CULTURA no país do Futebol e do Carnaval não é prazer, é suplício, tortura, um sacrifício enorme e que, em geral, nem vale a pena. Concursos e festivais de música também não ajudam muito, além dos prêmios serem irrisórios, mal pagam as despesas de passagem e estadia para um músico só, quanto mais para uma Banda inteira. Recente concurso de sambas em São Paulo finalmente mudou essa "ladainha" e oferece até a gravação de um CD ao vencedor, mas tem exigências difíceis de serem cumpridas por um artista amador, o caso das partituras (e do telefone FIXO), por exemplo. Partituras só devem ser exigidas aos CLASSIFICADOS para as eliminatórias.
Aqui em Belém, Jornal de expressão da Capital exige isso de TODOS os inscritos. Com mais de 600 participantes em 2011 (e com 7 CÓPIAS da partitura) foram PARA O LIXO mais de 20 MIL xeroxs, quando os selecionados para o Festival eram apenas 24 músicos ou Bandas. Com um discurso de preocupação ecológica, de defesa do meio ambiente, o Jornal seguiu no sentido inverso.
Concursos como o mais recente da poderosa TV "do PLIM-PLIM" têm exigências impossíveis de serem cumpridas por um artista realmente pobre -- como 4 TELEFONES de referência, 2 deles FIXOS, "comerciais"... e até o nome de um PADRINHO famoso consta das "perguntas" do questionário -- além de não se ajudar EM NADA nas questões de alojamento e alimentação do classificado, na maior parte dos eventos e Festivais.
No Pará a falha se repete nos concursos do Governo, enquanto em seus próprios eventos artísticos músicos internacionais são hospedados nos melhores hotéis de Belém. Já o artista do interior -- tendo que viajar DE AVIÃO, por vezes -- "que se lasque", que se vire! Prefeituras "viajam" nas mesmas águas... Bandas e músicos locais recebem "uma miséria" para se apresentarem nas festas e eventos da Cidade. Agora, no dia do aniversário do Município, contrata-se atração nacional pagando 20, 30 ou até 50 VEZES mais que para a Banda local do mesmo porte... e igual qualidade. Durma-se com uma "palhaçada" dessas!
Ministérios, Prefeituras, Secretarias de Cultura no país inteiro já têm seus artistas preferidos... e raramente lhes interessa apoiar (e divulgar) NOVOS NOMES. Resta-nos a Internet... e a louca "loteria" que é ser descoberto E VISTO entre MILHARES de "videoclips" e "posts" diários, 5 ou 6 BILHÕES de imagens e sons até esse momento.
Entrei nessa "onda virtual" em fins de 2007... antes disso não tinha 1 só leitor (para meus poemas e contos) exceto eu mesmo. Hoje somo mais de 6 MIL visitas (ou "entradas") em meus diversos blogs literários e perto de 600 VIEWS para meus 80 e tantos "miniclips" amadores, com minhas músicas e declamações. Enfim, DESCONHECIDO eu não sou mais... só não sei se (ou quando) ficarei famoso! "Quando será / o dia da minha sorte ?!", cantou ZÉ RODRIX nos final dos anos 70.
"NATO" AZEVEDO (escritor e compositor) -- BRASIL (9/8/2014)
***********************************
SOMBRA ETERNA
I
A ouvir apupo, crítica, vaia
-- entre um ou outro aplauso gentil --
persisto no caminho, só, febril,
até porque jamais "fugí da raia".
I I
Lhes digo: -- "Vão pra ponte que caiu...
invejosos, gente da mesma laia" !
Brilharei, bem antes que o pano caia...
que a Morte -- das cortinas -- "puxe o fio" !
I I I
Para a alegria dos detratores,
para o vil prazer dos difamadores,
"voarão" as notícias que eu morrí !
I V
Parafraseando AUGUSTO DOS ANJOS,
replico aos pulhas mirins e "marmanjos":
-- "A minha sombra há de ficar aqui" ! (*1)
"NATO" AZEVEDO (12/08/2014)
(*1) OBS: repriso verso final de "Debaixo
do Tamarindo", in "Cantos do Brasil", da
Editora SCIPIONE, FNDE - 2003, SP